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30.1.12

O diferente


Acabo de ver esta foto publicada no Facebook pelo Obvius, site que aliás recomendo muito. De cara já achei linda e perdi alguns minutos olhando as expressões das meninas que observam a criança loira. Foi então que resolvi elogiar nos comentários e tive o desprazer de ler os que ali já estavam. 
O primeiro deles era "o raro na zona! lol" e apesar da avalanche de pensamentos que tive, me policiei e disse "ah tá, ela deve estar tirando... meio infeliz, mas é só uma brincadeira". 
Logo abaixo veio a melhor pérola "Jesus falando aos seus discípulos... lindo!" Como assim!? COMO ASSIM?  
A foto é de uma beleza incomparável e leva à várias reflexões. Há meninas com olhar e linguaguem corporal indicando curiosidade sobre aquela criança diferente delas. Há outras com um riso assustado. Há muitas rindo e até uma gargalhando, segurando a boca. Milhares de pensamentos podem ter surgido em suas mentes e podemos até tentar imaginar alguns. Se fossem crianças ocidentais, eu diria que a de vestido amarelo pensou "Nossa que coisa mais esquisita!". Já a de vestido quadriculado vermelho, abaixada em frente a criança, tem cara de quem observa para ver se é verdade. E a de vestido rosa com a mão na boca "Nossa que coisa mais branca!". Mas pelas vestimentas e traços elas me parecem indianas ou um grupo possivelmente hindu e eu só sei sobre eles o que os livros ocidentais dizem. Não me sinto suficientemente conhecedora da cultura para arriscar o que elas estão pensando. 
No entanto, arrisco com quase absoluta certeza de que o olhar sobre o diferente causa o preconceito. E tenho dois exemplos para me apoiar. Primeiro a foto. Quantas vezes já vivemos a situação parecida em nossa sociedade, só que tendo crianças brancas olhando negras ou orientais desta mesma forma? E quantas vezes depois disso, parte delas passou do riso às ofensas, enfatizando a diferença e assumindo o controle da relação, tornando-a uma relação de poder? 
Segundo, os comentários. Como foi possível enxergar na criança loira o símbolo máximo da cultura cristã? E porque ela pode ser a representação desta divindade e as outras não? 
Tudo depende da cor das lentes que colocamos em nossos olhos, para enxergarmos o que quisermos nesta cena e no outro. Eu, prefiro queimar a retina e olhar sem proteção nenhuma. 

29.1.12

Insanidade


Eu quero a loucura. 
Quero arrancar fio a fio dos meus cabelos 
até que toda dor tenha saído do meu peito. 
Eu quero a força da mágoa. 
Essa mágoa que corrompe minha beleza
 e destrói meu pensamento. 
Eu quero o grito que brota de dentro,
rasga o estômago, esôfago, laringe 
e sai em jato de sangue pela minha boca. 
Eu quero arranhar meu pescoço 
até que as marcas fiquem fundas 
e assustem os seus olhos. 
Eu quero o olhar insano, 
o sorriso do palhaço antes do crime. 
Eu quero os tremores 
e a respiração funda, densa, palpável. 
Eu quero andar nesse caminho até cortar os pés. 
Eu quero cair exausta no final 
com a certeza de que cheguei. 
Sozinha. Livre. 

26.1.12

Úmida



úmida
a casa, a roupa, a boca
o cheiro úmido invade o nariz
a água corre fora
e o barulho insistente
enebria a mente.

ela anda pela casa
descalça
a calça velha e larga
o cabelo amarrado
sempre com algo na mão
um livro, uma taça, um pão.

corpo cansado destes dias vazios
coração cansado deste tempo sem amor
ela se confunde, se arrasta
entre uma loucura da mente
e um cômodo da casa.



23.1.12

É a vez dos dogs

Quando fiz o post "Design para gatos" vários leitores criadores de cães me pediram que fizesse algo para seus bebês também. Escolhi então buscar opções de casas, pensando em sair um pouco da rotina de casinha de madeira, fibra, cimento ou plástico. 
Esta é a Dog Cave, que você encontra na loja O Segredo do Vitório. Adoro o jeito divertido das peças da loja e esta casinha em plástico e almofada é uma graça. Há outras opções de cor, serve para cães pequenos e é ideal para quem gosta de deixar o bichinho dentro de casa ou mora em apartamento. 

Este lindo trailer que vem até com caminha de armar é parte da coleção Dog is god, do designer italiano Marco Morsini. Não é uma graça! A coleção tem várias opções de casinhas e de transporte. Vale a pena olhar todas! Só não é um preço acessível a todos. 

Mais acessível é a casinha ecológica da Ecobichos. Feita em papelão resistente, vem com instruções para montar e pode ser desmontada e montada novamente para onde você levar o dog. Por ser de papelão, ela ainda evita a proliferação de bactérias e fungos, que podem causar doenças ao mascote. 
Olha que coisa mais charmosa! Adoro o desing contemporâneo desta cadeira de balanço, linhas retas e curvas dão movimento a forma e revelam conforto para bichinho de estimação e dono. O vão embaixo da cadeira é uma caminha/casinha que serve para cães e gatos. Já me imaginei lendo nela enquanto o gatinho ronrona embaixo. A criação é do designer Paul Kweton e já vem com a almofada! 
Para fechar a seleção, um luxo só! Se você tiver espaço e disposição, pode encomendar um projeto com um arquiteto e construir uma casa só para seu cão. Mania entre os cheios da grana nos EUA, considerado exagero para uns, mas sonho para outros. O que acha? 



19.1.12

Sobre lutas, negação e desistência


Ainda pensando sobre a tempestade de manifestações que caem aos nossos olhos desde o advento das redes sociais, vi meus contatos divididos entre dois tipos: aqueles que defendem a causa dos animais x aqueles que criticam quem defende esta causa. O que é no mínimo curioso. 
Quem defende a causa vocês sabem o que faz: posta fotos, segue as ongs e associações de protetores, divulga links com informações sobre o caso do momento, pede assinaturas e procura, deste jeitinho, se engajar e espalhar a ideia entre os seus contatos. 
Quem critica, basicamente, usa duas frases “o país pára por um animal, mas não para combater a pedofilia” ou “ou país pára por um animal, mas não para combater a corrupção”. Há outras versões mais elaboradas ou mais toscas. Mas todas contém a inconformidade com o número de pessoas que é capaz de se mobilizar por um cachorro e não é capaz de se mobilizar por causas consideradas maiores. 
O que me intrigou foram os porquês. Porque uma pessoa é capaz de se mobilizar contra os maus tratos aos animais, mas não contra tantos outros problemas sociais e, principalmente, pelas questões políticas do nosso país que podem inclusive trazer avanços a sua causa primeira? Porque as pessoas que enxergam isso, criticam os protetores e seus adeptos tão ferozmente como se eles estivessem tornando a sociedade pior por defenderem uma causa diferente da deles? E porque, esses grupos são necessariamente antagônicos e competitivos como se só um deles pudesse ser detentor da verdade?
A primeira coisa que enxergo nisso tudo é que usar as redes sociais para denunciar casos de maus tratos e defender os direitos dos bichinhos, deu certo. Reclamem o quanto quiserem reclamar, falem o que quiserem, mas deu certo. É só surgir um novo caso que ele rapidamente torna-se viral e sim, o Brasil conectado já está sabendo, gritando e pedindo providências. Inteligentemente, o pessoal mais organizado desta luta sacou que o melhor é usar isso e já passaram pra segunda etapa – cobrar uma mudança na legislação através do apoio popular. Eles têm o público cativo, é só usá-lo. Se tenho críticas a isso? Não, só elogios. Não sei se a estratégia foi conscientemente traçada, mas é básica e deu certo. Parabéns. Não demorará muito para que vejamos novas conquistas nesta área. 
Então poderíamos usar a mesma força para outras lutas? Sim, mas depende da luta. O movimento GLBTT já usa e também consegue vitórias. Outro caso que deu certo. Mas contra a pedofilia não daria. Não neste esquema. Há tempos atrás, descobriram um cara que estava postando vídeos dele abusando de um menino que não parecia ter mais de 7 anos. Começaram a divulgar o vídeo no twitter. Resultado? Milhões de pessoas tiveram acesso a um vídeo de abuso, incluindo os pedófilos de plantão. Foi preciso que os órgãos competentes e as organizações se pronunciarem pedindo que as pessoas parassem de divulgar o vídeo porque isso era estratégia de pedófilos para compartilhar material sem que pudessem ser rastreados.  A ação não identificou o agressor, expôs a vítima, aniquilou a investigação e ainda contribuiu com a rede de pedofilia... 
Vocês podem pensar: mas as pessoas não pensaram nisso? Agora, assim exposto, é lógico. Mas na hora que a coisa começou, a maioria não pensou. Pensou ao contrário que estavam expondo o agressor, que alguém ia identifica-lo e então ele seria preso. Pensamento ingênuo? Sim. Mas na internet qualquer um tem acesso, então não dá pra esperar que as pessoas tenham informação e capacidade suficiente de enxergar tudo que envolve a questão. Talvez seja por isso mesmo que as inúmeras ongs e associações de defesa dos direitos da criança, incluindo as que lutam especificamente contra a pedofilia, não incitam este tipo de campanha... Não é que não tem ninguém fazendo nada, é só que não sabemos tudo o que está sendo feito. A divulgação principal é – denunciem. É através das denúncias à estas entidades ou ao disque denúncia que eles podem atuar. É assim que podemos ajudar. 
No entanto, há um outro ponto importante nesta questão. Olhar um animal vítima de violência dói o coração e incita à reação – eu posso fazer algo por ele. Mas olhar para uma criança vítima de violência e abuso, mesmo provocando dor, raiva e desespero, incita à dúvida – o que eu posso fazer? Geralmente não se tem resposta... Podemos denunciar. Depois disso é com a justiça e com a rede de serviços que ela vai precisar para se reerguer. Um cachorrinho, a gente leva pra casa. Uma criança, alguém pode simplesmente levar pra casa? 
Aprofundando mais ainda esta análise, eu diria que ninguém quer realmente olhar para uma criança nesta situação. É tão cruel, tão desumano, que simplesmente não aguentamos. Sabemos que existe, sabemos que tem alguém trabalhando com isso e então pronto. Porque encarar essa dor é demais para a maioria das pessoas. Infelizmente eu já a encarei e sei o quanto é difícil essa luta, por isso entendo se uma pessoa me diz “eu não consigo lutar contra isso, por mais que eu queira”. 
Agora olhemos para a questão política, a corrupção e os absurdos diários que assistimos acontecer no nosso país. Dizer que não dá certo mobilizar pela internet seria uma burrice. O Egito e a Líbia estão aí para provar o contrário. Então eu vejo que a questão é mais particular, mais pertinente ao nosso pobre país. 
Mobilização política exige capacidade de entendimento do cenário político, econômico e social de um país. Esta capacidade exige conhecimento e discussão. Pronto já eliminamos mais da metade da nossa população. Entre os que restam, é possível identificar dois fatores que podem levar a este aparente descaso.
Primeiro a mania de olhar política como se fosse campeonato de futebol. Representantes e eleitores dos diversos partidos esbravejam diariamente suas posições e atacam as outras. Depois reajem aos resultados como torcedores de times adversários. Exemplo claro disso foram as últimas eleições presidenciais em que, ao final, com a vitória da atual presidenta, os partidos contrários e seus eleitores saíram proferindo ofensas a pessoa (lésbica, feia, gorda, etc) e não formularam uma única crítica ou análise política do contexto. Era comum, nesta época, ver as pessoas se degladiando, se xingando, mas dificilmente se encontrava um debate sério sobre a situação posta. 
Segundo, vem o cansaço. Sim, estamos cansados. Há décadas somos maltratados e enganados por nossos políticos. Chegamos num ponto em que não sabemos o que fazer. Desistimos. Simplesmente desistimos. Se eu brigar por um gatinho agredido, eu o vejo ali se recuperando e vivendo bem, trazendo alegria para alguém. Se eu brigar por mudanças políticas, eu passo anos em debates e ações sem fim e não vejo mudanças significativas. Os políticos ensinaram, nós aprendemos – farinha pouca, meu pirão primeiro. E assim vamos levando, xingando quando dá, salvando um gatinho quando dá, fechando os olhos para o que não suportamos olhar e dormindo tranquilos. 

Para denunciar:
Disque 100 - Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Discagem gratuita em todo o território nacional. 

Para se engajar: 
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG – possui um cadastro das ongs por área de interesse, é só buscar aquela que é a sua cara. 

16.1.12

Por um mundo livre de julgamentos


Há décadas dizemos que no Brasil todo mundo é juiz de futebol, ou técnico. Nos últimos anos, principalmente depois que as redes sociais caíram no gosto popular dos brasileiros, descobrimos que além de juízes e técnicos de futebol, temos milhares de juízes de direito, psicólogos, filósofos, sociólogos, padres e pastores de plantão. 
Agora todo mundo pode em poucas linhas exprimir sua opinião e julgamento sobre qualquer coisa que acontece. Isso é um avanço do ponto de vista da liberdade de expressão e da descentralização da informação e da produção cultural. 
No entanto, o que me entristece é o choque por ver um avanço tão importante sendo usado da pior forma possível. 
De um lado, a expressão clara do senso comum julgando a tudo e a todos, sem nenhum princípio de reflexão, mas com muitos preceitos que dizemos querer ver exterminados de nossa sociedade, como a intolerância e a falta de civilidade generalizada. 
De outro, a tristeza de ver que enfim todos podem ter acesso a este instrumento e o usam tão mal. Passamos décadas discutindo nos almoços de família, nas reuniões de amigos, nas mesas de bar, sobre os problemas do país e da nossa sociedade, e agora que essa discussão pode ter um alcance maior, nos limitamos a julgar o outro com os mesmos princípios dos séculos passados. 
São inúmeros os casos só nos últimos meses que podem aqui ser usados de exemplo: yorkshire, Lula e o câncer, Lobo (e outros tantos com animais), estudantes da USP, polêmica BBB. Em cada um desses quase todos os usuários correram gritar seus julgamentos. Julgamentos sim e é aí que mora o problema. 
Se há uma situação polêmica em andamento e você quer contribuir para sua solução, o que pode fazer? Dar sua opinião? Sim. Mas dar a opinião é uma coisa, julgar é outra. 
Vamos tratar do caso do Yorkshire. Dar opinião é dizer algo como “é preciso ficar de olho nesse caso, cobrar das autoridades uma medida, uma legislação pertinente, sou contra a agressão e maus tratos aos animias e está na cara que a maioria da população brasileira também é”. No entanto, o que mais ouvimos foi “monstra, assassina, tem que morrer, tem que ser torturada, tem que jogar ela na parede também até morrer”. Isso é julgamento e por mais que a indignação nos assole, não tem razão nenhuma em ser proferida e nem é capaz de trazer a efetiva de mudança desejada. Reparem que não estou defendendo a agressora, aliás nem proferi minha opinião sobre o assunto, apenas exemplifiquei duas posturas diferentes para pessoas que têm a mesma indignação e buscam a mesma mudança em nossa sociedade. 
O que me intriga é como podemos promover uma cultura de paz, uma vida civilizada, uma sociedade mais justa baseada no respeito, se a reação comum é o julgamento deliberado, descontextualizado, sem bases jurídicas ou sociais, totalmente pessoalizado e imbuído de agressividade? Como poderemos elevar nossas pretensões de uma vida social comum de paz, se baseamos nossos julgamentos em princípios de violência, agressão, sectarismo e discriminação?
Imagino que neste ponto, amigos queridos com que convivo nestas mesmas redes sociais, estejam pensando “ah mica eu falo isso mesmo, porque me dá muita raiva”  ou ainda “é isso mesmo, ela merece morrer mesmo”. Eu os entendo. Entendo a indignação e o desabafo. E justamente porque sou capaz de entender, escrevo este texto. Olhem para ele não só como uma crítica, mas também como uma dica, uma sugestão e, não menos como o meu desabafo. 
É uma dica, uma sugestão, de que precisam refletir sobre seus princípios e sobre a melhor forma de disseminá-los na sociedade, de incitar o debate e de, assim, conquistar seguidores à causa que defendem, para então, com muitos, conseguir promover a mudança. Eu, esclarecida e contrária a agressão contra animais (ainda usando esta causa como exemplo), não aderiria a nenhum movimento em que seus defensores pedissem a morte, a tortura e a agressão. Uma vida é uma vida. Animal ou humana. Eu não defendo a agressão ou eliminação de nenhuma delas. Nem do mais vil. Simplesmente porque não reconheço em ninguém e nem em nenhuma instituição o poder sobre a vida do outro. Por sorte, vivo num país que me garante este direito na sua carta magna. 
O meu desabafo vem de uma tristeza muito maior que sinto, pelo que enxergo nesses pronunciamentos. Ideias retrogradas disseminadas por cientistas há séculos atrás, que exprimem preconceitos extremamente combatidos pelos mesmos que hoje os gritam, sem saberem realmente o que estão falando. Deprime-me ler que, em qualquer situação de violência física, a culpada é a vítima. Deprime-me ler as pessoas rindo e fazendo piada da dor e da doença de outra pessoa só porque não aprova suas posições políticas ou escolhas pessoais. Deprime-me ler piadinhas machistas todos os dias nestas redes. Deprime-me mais ainda reclamar de tudo isso e ser tachada de chata, radical, politicamente correta e até ver minha sexualidade questionada, por ser capaz de olhar o mundo criticamente e não aceitá-lo como a família, a escola, a igreja e a mídia me dizem que ele deve ser. 
Para cada caso citado aqui eu tenho uma postura política e filosófica. Eu tenho argumentos, dados, teorias e legislação em que eu posso me apoiar para me expressar sobre cada um deles. Para cada caso eu tenho uma dor e uma decepção com o ser humano e com nossa sociedade. Mas escolhi atacar aqui o que considero o pior problema em todos eles: a mania que temos de julgar o outro, culpa-lo e condená-lo, acreditando que isso é suficiente para resolver o problema. A mania que temos de ignorar o fato de que uma sociedade mais justa e civilizada depende de mudanças, de que as mudanças só ocorrem com atitudes, de que atitudes são acompanhadas e influenciadas pelos discursos e de que tudo isso é fruto de reflexão e conhecimento. 

11.1.12

Entre a leveza e a crítica



Fazer faculdade de humanas pode ser prejudicial ao seu humor. Explico: nós ficamos chatos. Logo que me formei e mudei de cidade eu era a pessoa mais chata do mundo. Não acho isso até hoje, no fundo eu tenho orgulho da visão crítica e da capacidade de argumentação que desenvolvi morrendo de estudar filosofia, sociologia e política. Mas quem aguenta conversar com alguém assim? Só quem também desenvolveu essa capacidade. 
Então eu estava perdida no vilarejo entre pessoas que gostam de beber cerveja e rir, mas não entendiam minhas piadas. Entre mulheres-professoras que falavam 24h por dia sobre seus filhos e atrelavam todos os problemas da educação à falência da família nuclear conjugal. Entre pessoas que não conhecem até hoje as bandas que eu ouvia. Entre gente simples e comum, com um coração bom na maioria das vezes, mas que não via sentido nenhum em discutir filosofia e política. 
Nem preciso dizer que ser feminista só piorava minha imagem né!? Além de chata, tornava-me estranha e radical. E eu ria pensando "imaginem se conhecessem uma feminista radical!". 
No entanto, fui me encaixando, me adaptando. Consegui conhecer pessoas meio termo, que gostam de uma ou outra discussão e que, diferente de mim até então, também conseguem ser leves e rir de coisas simples e bobas. Aprendi com elas o prazer de viver assim, mais leve. Sem tanta exigência e criticidade para cima de tudo e de todos. 
Mas eu preciso confessar uma coisa: tenho recaídas. Periodicamente um dos lados fica mais forte: o crítico ou o leve. Geralmente um entra em ação para anular o outro. Tem épocas que levo tudo super na boa e depois de um tempo começo a me sentir burra. A criticidade começa a gritar e volto a ficar alerta. Isso dura até me sentir chata novamente. 
Estou na fase de me sentir chata. Nos últimos tempos deixei a crítica me dominar e me diverti muito com isso. Mas há uns dias sinto a prisão que ela me traz. A crítica coloca regras do que posso fazer, ver, gostar e aí, quando me pego fazendo algo fútil, o alarme soa. Isso cansa demais. Quero voltar a olhar as coisas de forma mais leve e simplesmente rir de tudo. Rápido.

8.1.12

O que o Feng Shui nos diz para o Ano Novo



Para a filosofia do Feng Shui o novo ano ainda não começou. No calendário chinês, estamos no ano 4710. Mas a milenar cultura se traduz para o ocidente e o período de regência do Feng Shui para o ano de 2012, vai de 04 de fevereiro de 2012 até 04 de fevereiro de 2013. Isso significa que é neste período que as energias fecharão o cliclo e iniciaram um novo, mudando suas tendências e forças. 
A influência do ano está sob o signo do Dragão. Há uma citação chinesa que explica esta força - "As águas provenientes dos oceanos ou dos rios que são alegres e movimentadas vão ao encontro com uma terra úmida". É a síntese de um ano movimentado, agitado, de percorrer o caminho, o curso. A ideia de que haverá muito movimento, mas pouco rendimento. É indicado para auxiliar o equilíbrio destas forças, a aplicação de um sino dos ventos metálico no ponto Norte (N) das casas. 
Há ainda outras possibilidades para limpar a casa do ano de 2011 e prepará-la para 2012. Aliando as previsões e indicações chinesas ao nosso jeito ocidental de começar um ano, podemos mudar o foco e dar realmente novos ares a este novo ciclo. 


1. Papéis: contas, extratos, notas fiscais, recibos, documentos. Depois de um ano uma boa limpeza é comumente feita nesses papéis. Fisicamente isso significa limpeza e organização. Pensando no Chi, é a possibilidade de renovação. Nem tudo deve ou precisa ser guardado e amontoado em caixas, pastas e gavetas. Especialistas indicam - notas fiscais e recibos devem ser guardados por dois anos observando-se o tempo de garantia do produto. Em caso de bens que você possa precisar comprovar a propriedade em caso de mudança ou viagem, guarde indeterminadamente. Os extratos bancários também devem ser guardados por dois anos. Já recibos e contas pagas de serviços (água, energia, telefonia, internet, etc), boletos bancários e faturas de cartões de crédito, devem ser guardadas por cinco anos. No entanto, a lei obriga as empresas a fornecerem uma declaração de quitação anual dos débitos e aí você pode substituir 12 papéis por apenas 1. Algumas empresas automaticamente enviam a declaração, outras esperam a solicitação do cliente;

2. Roupas e pertences pessoais: calma, por mais que seja delicioso renovar o armário, o começo do ano não é uma boa época para gastos. No entanto é preciso abrir espaço para o novo, guardar os presentes e remexer tudo. O processo de arrumar algo físico, mas tão pessoal, faz com que nossa mente entre na mesma sintonia. Junto com aquela blusa que você nunca usou, vão embora mágoas e sentimentos que já não servem mais. 

3. Decoração:  Além da dica do sino dos ventos, é hora de dar uma cara nova a casa. Não é necessário sair comprando móveis ou objetos. Mas mude algo que seja significativo e ilumine a casa. Se não pode comprar nada novo, troque o lençol e comece o ano com aquele que você mais gosta. Mude um móvel de lugar, ou o jeito de guardar as coisas na estante. Uma planta, uma flor, para aquele canto perdido que tanto te incomoda. 

4. Feng Shui: Esta é uma dica para quem já fez a aplicação da técnica. Com o passar do tempo, parece que a força inicial que sentimos após a aplicação, vai se perdendo. É hora de olhar para a casa como se fosse um estranho. Vá em cada ambiente com o mapa na mão e sinta-o, analise-o e anote as mudanças que acha necessário. Assim, você estará movimentando o Chi e reativando as áreas. 

Mudar de ano é só o fechamento de um ciclo para o início de outro. Nada melhor do que usar conscientemente tudo que sabemos para que o novo ciclo nos traga o que buscamos. Seja isso, o que for. 

2.1.12

Ano novo, espumante e pessoas - era só o que eu precisava

Pronto, estamos em 2012! No post de fim de ano do Minha saia é mais justa conversamos sobre as listas, planos e retrospectivas que comumente muitas pessoas fazem nessa época. Eu sou dessas, olho para trás e para frente quando um ano acaba e outro começa. 
Não foi diferente para terminar 2011, confesso até que ainda estou no processo. Desde a metade de dezembro já estava sentindo a necessidade de fazer o balanço geral, ver o que foi bom, o que foi ruim, o que quero mudar, o que está bom assim. Mas por mais que eu olhasse para os acontecimentos e para o meu coração, a sensação era de andar na serra em dia de neblina.
Ainda tinha uma tristezinha me atormentando, pois não sabia onde iria passar a virada. Havia uma grande possibilidade de ser em casa, sozinha, agarrada no prosecco. 
Tudo isso mudou com o convite de um grande amigo para a festa que faria na sua casa. Ele viaja todo fim de ano, há anos, então nem tinha pensado na possibilidade de passarmos juntos. Mas rolou, desta vez deu certo. 
Reencontrar amigos é sempre especial. Não nos viámos há mais de um ano e foi na sexta, assim que cheguei e a festa já começou, contando para ele como estava a minha vida, que consegui olhar para 2011 e ver tudo o que me aconteceu. Melhor ainda foi perceber que foi maravilhoso. 
Recebi alta da terapia, mudei de função no trampo, consegui novos clientes de feng shui, mudei para uma casa melhor e com mais benefícios no pacote, conheci novos amigos, larguei o mafia wars, montei um blog novo e fiz dele um projeto especial na minha vida, tirei da minha vida pessoas que não me acrescentavam nada, fiz grandes contatos profissionais que podem virar novos projetos em 2012. 
Infelizmente há os pontos negativos e eles quase igualam a coisa. Principalmente porque são pontos que me chateiam há anos. Há anos eles entram para a lista de mudanças desejadas e não consigo efetuá-las. Em alguns momentos faltou empenho, em outros mesmo com empenho não consegui. E assim eles passam ano a ano para a próxima lista. O ruím disso é a sensação de que não adianta insistir, porque não vou conseguir de novo. E sei que pensar assim é dar um passo para trás, mas depois de anos tentando, impossível evitar esta sensação. 
Entretanto é preciso deixar claro: estou bem. Constatar que tem coisas que ainda não alcancei e lidar com essas frustrações faz parte da vida. Não fico mais mal por isso. Na verdade, mesmo sendo dolorido e difícil, eu gosto de olhar para o que sinto e me reinventar quando preciso. 
E foi com esse espírito que curti a virada. A festa durou dois dias regada a frutas e castanhas, espumantes e pessoas interessantes. Não tem como não começar o ano renovada depois de uma festa dessas. 
Já comecei a delinear tudo o que quero para 2012, mas ainda está na fase do absurdo, quando coloco todos os sonhos no papel sem pensar em termos práticos e racionais. Desta lista maior eu vou delineando o possível. O que posso afirmar com alegria é que os blogs continuam e que o post sobre o Sonic Youth sai ainda essa semana!