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22.5.06

a era da comparação

Quanto menos os homens estiverem ligados pela tradição, tanto maior será o movimento interior dos motivos, e tanto maior, correspondentemente, o desassossego exterior, a interpenetração dos homens, a polifonia dos esforços. Para quem ainda existe, atualmente, a rígida obrigação de ligar a si e a seus descendentes a um lugar? Para quem ainda existe algum laço rigoroso? Assim como todos os estilos de arte são imitados um ao lado do outro, assim também todos os graus e gêneros de moralidade, de costumes e de culturas. - uma era como a nossa adquire seu significado do fato de nela poderem ser comparadas e vivenciadas, uma do lado da outra, as diversas concepções do mundo, os costumes, as culturas; algo que antes, com o domínio sempre localizado de cada cultura, não era possível, sem conformidade com a ligação de todos os gêneros de estilo ao lugar e ao tempo. Agora uma intesificação do sentimento estético escolherá definitivamente entre as tantas formas que se oferecem à comparação; ela deixará perecer a maioria - ou seja, todas as que forem rejeitadas por este sentimento. Hoje ocorre igualmente uma seleção nas formas e hábitos da moralidade superior, cujo o objetivo não pode ser outro senão o ocaso das moralidades inferiores. É a era da comparação! É este seu orgulho - mas, como é justo, também seu sofrimento. Não tenhamos medo desse sofrimento! Vamos, isto sim, compreeder tão grandemente quanto possível a tarefa que nos é imposta pela era: a posteridade nos abençoará por isso - uma posteridade que se saberá tanto acima das originais culturas nacionais fechadas quando da cultura da comparação, mas que olhará com gratidão, como veneráveis aintiguidades, para ambas as formas de cultura. (Nietzsche)

13.5.06

* poema sem título *




















eu abri os olhos
e os dele pareciam um risco.
boca entreaberta,
ele não dizia nada,
mas o ar tinha som.
eu fechei e abri os olhos
várias vezes
só para ver tudo
assim outra vez
e acostumei com isso.