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10.12.06

eu quero o fim desse amor
quero não sentir mais nada
não olhar pra trás
e nem tremer quando escuto seu nome
quero que esse amor acabe
que leve embora a dor
e a saudade
quero ouvir outras músicas
e pensar em outras coisas
não aguento mais perder você

10.11.06

- quero ver um show de rock!
mas ele já estava dormindo
e fingiu que não me ouviu.
talvez seja melhor assim:
- pode deixar amor,
que eu tiro o coturno,
pra não te acordar quando chegar.

17.10.06

silêncio.
na minha casa, na minha rua
no meu bairro, no meu coração
só minha cabeça que não para de pensar
e já está me enchendo o saco!
(15/11/2004)

6.10.06

castrada.

toda a intenção fora em vão.
a preparação, o recato.
a discrição, o cuidado.
toda vontade perdida. podada.
arrancada de si a possibilidade de seguir.
caminho errado. escolha errada.
fora criticada até não aguentar prender a lágrima.
fora castrada. podada. engessada.

(por maria, em divisa)

29.9.06

Entre a caça e a pesca

estou atrás do que sou
estou atrás do que sonho
não como cão de caça
que já avistou a presa
mas como pescador
que espera a fisgada

detesto pescar
não tenho paciência
e não acho que o peixe
vá me trazer alegria
capaz de pagar as horas de espera

mas ainda assim me mantenho aqui
me seguro na beira
e tento me acalmar
se todos estiverem certos
logo descobrirei pelo que andar.

23.9.06











hoje quando o sol nasceu
senti meu rosto queimando
e meus olhos ardendo
me escondi no escuro do meu quarto
esperei que a dor diminuísse
lavei a sujeira da última noite
e voltei a viver

22.9.06

A idéia de vitimização da mulher aparece nos trabalhos acadêmicos nfluenciados pelo feminismo e marxismo conjuntamente - "a eterna oprimida" - vítima do poder masculino, vítima do sistema. Esses discursos banalizaram a possibilidade de insubordinação feminina, além de não analisarem a diversidade das relações de poder que se travam cotidianamente entre os gêneros.
O pensamento feminista atual constata que a superação de um sistema de desigualdades não se alcança apenas pela superação no plano político ou econômico. Para que hajam mudanças significativas na situação das chamadas minorias, entre elas as mulheres, são necessárias também mudanças na microestrutura que perpassa cotidianamente as relações socias e os estereótipos acerca das diferenças biológicas. As relações hierarquizadas de gênero, infelizmente, não se determinam apenas pelas questões de classe. As diferenças da ordem de etnia/raça, orientação sexual, idade e outros determinantes culturais também influenciam estas relações.
O caso da China e suas "velhas tradições" pode ser um exemplo disso. Não ouso afirmar, por não ser uma expert no caso, mas não há a possibilidade de apesar da mudança do sistema, a práxis marxista não ter sido suficiente para alterar a herança cultural e histórica que determina as relações entre os gêneros?
Esta é a batalha fundamental do movimento feminista, o que chamamos de 3ª onda. Além dos direitos já conquistados legislativamente, do espaço adentrado na vida social, da visibilidade maior de nossas necessidades e desejos, lutamos por uma transformação cultural dos papéis sexuais historicamente construídos e que determinam a subjugação feminina, atribuíndo às mulheres características de inferioridade em relação ao homem para além de suas relações com o trabalho.

17.9.06

*poema sem título*

teu cheiro, tua boca e teus olhos
não saem da minha cabeça
fecho os meus e vejo você
todos os dias
o tempo todo

grito para que essa dor me abandone
imploro para que esse amor se acabe
e mesmo assim sinto meu corpo cansado
como se mais nada fosse possível
como se o tempo não passasse

minhas costas já estão curvadas
minha cabeça baixa
não sei mais correr
e não consigo parar de chorar

como se arranca uma dor assim?
como se destrói esse querer te bem?
como se vive sem amor?

2.9.06

*poema sem título*

Eu sentia ela escorrendo pelas minhas têmporas
gelando a linha do meu rosto
até inundar o meu tímpano
e me fazer sentir nojo daquela tristeza

Eu sentia o cheiro de podre que vinha do buraco aberto
entre a minha garganta e o meu estômago,
ferida purulenta que me fazia sentir
como se fosse uma sobrevivente de guerra:
quase morta.

Eu tentava pensar
mas só vinham à minha mente
imagens tuas

O meu corpo dolorido
ocupava demais a minha razão
e eu só pensava em morrer
ou te ligar

Eu só queria dividir o meu dia
de novo com você.

22.5.06

a era da comparação

Quanto menos os homens estiverem ligados pela tradição, tanto maior será o movimento interior dos motivos, e tanto maior, correspondentemente, o desassossego exterior, a interpenetração dos homens, a polifonia dos esforços. Para quem ainda existe, atualmente, a rígida obrigação de ligar a si e a seus descendentes a um lugar? Para quem ainda existe algum laço rigoroso? Assim como todos os estilos de arte são imitados um ao lado do outro, assim também todos os graus e gêneros de moralidade, de costumes e de culturas. - uma era como a nossa adquire seu significado do fato de nela poderem ser comparadas e vivenciadas, uma do lado da outra, as diversas concepções do mundo, os costumes, as culturas; algo que antes, com o domínio sempre localizado de cada cultura, não era possível, sem conformidade com a ligação de todos os gêneros de estilo ao lugar e ao tempo. Agora uma intesificação do sentimento estético escolherá definitivamente entre as tantas formas que se oferecem à comparação; ela deixará perecer a maioria - ou seja, todas as que forem rejeitadas por este sentimento. Hoje ocorre igualmente uma seleção nas formas e hábitos da moralidade superior, cujo o objetivo não pode ser outro senão o ocaso das moralidades inferiores. É a era da comparação! É este seu orgulho - mas, como é justo, também seu sofrimento. Não tenhamos medo desse sofrimento! Vamos, isto sim, compreeder tão grandemente quanto possível a tarefa que nos é imposta pela era: a posteridade nos abençoará por isso - uma posteridade que se saberá tanto acima das originais culturas nacionais fechadas quando da cultura da comparação, mas que olhará com gratidão, como veneráveis aintiguidades, para ambas as formas de cultura. (Nietzsche)

13.5.06

* poema sem título *




















eu abri os olhos
e os dele pareciam um risco.
boca entreaberta,
ele não dizia nada,
mas o ar tinha som.
eu fechei e abri os olhos
várias vezes
só para ver tudo
assim outra vez
e acostumei com isso.

26.4.06

quando dá vergonha de ser mulher

Acompanhei nesta semana as reportagens que saíram no Terra e na Folha sobre o caso da garota que teve fotos de sexo entre “ela” e dois caras, publicadas na sua página no orkut e em blogs.

Fiquei indignada principalmente com a reação dos universitários da Fundação Eurípedes Soares da Rocha (UNIVEM – Marília/SP) que tumultuaram a aula que a garota assistia, para a ofenderem.

Já estava pensando neste texto quando conversei com um amigo: “o que mais me incomodou foi a reação da galera, às vezes da vergonha de ser homem” e, além de indignada, eu fiquei também envergonhada.

F.F., a garota das fotos, está correndo atrás de provar sua “inocência” – declarou que são uma montagem por não reconhecer seu corpo nelas, nem o sapato que aparece no pé do “corpo na foto”, etc... mas não é isso que me indigna ou envergonha.

E se fosse ela? E se ela resolvesse publicar as suas fotos? Exatamente em que ponto as pessoas passam a ter o direito de atirarem as pedras? Isso sim me deixa indignada! A construção da sexualidade é completamente individual. Não existe uma norma, uma regra, um dogma que deva moldar a sexualidade de ninguém. Se você acredita ou escolhe determinados padrões como certos e aceitáveis, isso vale para você e para o jeito como goza, mas não vale para toda a humanidade. Cada pessoa tem o direito de descobrir como satisfazer seus desejos e como dispor de seu corpo – SEU CORPO.

Então lembrei de quantas vezes já ouvi amigas e outras mulheres julgando garotas que não se enquadram nos padrões considerados moralmente corretos para a conduta de “uma moça”, por mais que nenhuma delas usasse este termo... Imaginei na hora como deve ser grande o número de meninas que participou da reaçãozinha e se sentiu no direito de humilhar F.F. Imaginei ainda, a reação daquelas que não se insuflaram contra a garota, mas deram suas opiniões nas rodinhas do intervalo ou nas mesas de bar da cidade “Eu não sei, mas que ela já era falada, era”; “Ah mas essa mina aí é meio galinhazinha mesmo”; e se ela for uma garota que curte as baladas da cidade “Ih! essa mina é mó loca!”; mas se ela for sossegada “É, essas com jeito de santinha são as piores!”. E tudo isso me envergonha – estou envergonhada de ser mulher.

Qualquer mulher poderia ter sido sacaneada como F.F. Qualquer uma pode ter desejos de trepar com dois caras e ainda publicar porque curte. Em diversas situações somos julgadas – se você fica com muitos caras, se dá na primeira noite, se fuma, se bebe, se curte balada até o sol nascer, se tem mais amigos do que amigas, se gosta de rock, se joga futebol, se sonha em ser engenheira naval, se quer virar madame, se pinta o cabelo, se faz tatoo, se usa fio dental na praia, se gosta decote... Somos sempre julgadas, nossa sexualidade está sempre sendo controlada, vigiada. E me envergonha ver outras mulheres na linha de frente do júri. Ver aquela que adora chupar o pau do namorado julgando a que chupa só quando ele merece, competindo pra ver quem é mais mulher – mais correta, mais justa, mais menina pra casar.

O que nenhuma delas assume, ou mesmo sabe é que o que está por trás de tudo isso é muito mais cruel. Agir e pensar assim é o mesmo que dizer “Bem feito F.F., você é mais uma que não passou no vestibular pra mulher, mais uma fora do meu caminho, eu vou ser aceita pela sociedade, você é só mais uma puta.”

Não conheço F.F, nem sua moral, nem seus desejos, nem sua vida, nada. Mas sei que ela é uma garota como eu. Sei que ela deve estar destruída com todo esse rolo. Sei que ninguém tem o direito de julgá-la, independentemente da verdade por trás desta merda toda. E isso é o suficiente para eu defendê-la. Isso é o suficiente para eu detestar toda a galera que fez de sua vida um inferno. Isso é o suficiente para eu ter vergonha de ser mulher, ter pena dessas tantas outras garotas que jogam com as mesmas cartas que o machismo e, ter força, mais força, pra lutar pelo fim desta dor e desta solidão que é querer mudar o mundo.

20.4.06

um casal

um moreno
o outro também
um dia se olharam
e não se acharam

um galante,
o outro educado.
um dia se encontraram,
e se encantaram

um leitor
o outro viajante
um dia se decobriram
refinados e tarados.

28.3.06

quando você voltou

quando você voltou
uma sensação de alegria
invadiu meu corpo
o coração bateu forte
e há um leve tremor nos braços
que não se pode ver, só sentir
fiquei alegre o dia todo
um sorriso persistente no rosto
e uma vontade de não fazer mais nada.
eu não imaginava que você
ainda fazia parte da minha vida
eu nem me preocupei
se te veria novamente
deixei que tua lembrança sumisse.
hoje você voltou
foi a melhor coisa que me aconteceu
desde que aqui cheguei
e eu não consigo mais parar de sorrir.

24.3.06

por que eu deixei de ser professora

há algum tempo estudo e trampo com educação. achei que nunca ia cansar, sempre amei pensar na educação como um ideal. mas, depois de um tempo cansei. cansei de estar institucionalizada desde que tinha 5 anos. cansei de ver meus amig@s estudando e trampando com coisas que pareciam maiores, mais importantes e até mais reais. cansei de estar fechada num mundo conservador e muito, muito machista. cansei da convivencia com professoras-mães. cansei de ver coisas que só eu via.

não me acho a bambambam da educação, mas por ser feminista, e nunca ter tido uma companheira de causa e profissão, via as coisas de uma forma que ninguém, com quem trampei por aí, via.

fiquei perdida: não tenho mais fé na educação? dediquei uma cara da minha vida à quê?

nos últimos tempos acreditei que poderia fazer diferença e promover uma educação, com meus alunos, que estivesse afinada com meus ideais de igualdade e justiça social. foi horrível perceber que além de enfrentar toda uma secretaria de educação por isso, de perceber fofocas sobre minha sexualidade nos corredores e, de me rasgar por uma educação voltada para a liberdade da sexualidade e dos papéis sexuais (ou dos não-papéis) teria também de enfrentar o futuro: meus alunos cairam nas mãos de outras, e o moralismo e conservadorismo são muito mais severos (e em crianças por vezes mais eficazes) com quem não os aceita.

deixei de ser professora pela ferida no meu coração. deixei de ser professora porque não suportava mais levar tiros na fronteira. deixei de ser professora porque precisava me reerguer: não deixei de ser pedagoga! ainda acredito numa educação que seja capaz de aceitar as crianças e a construção de uma sociedade mais justa. ainda acredito que a educação possa contribuir para que a igualdade entre os gêneros seja alcançada. ainda quero implodir a escola e fazer surgir uma nova proposta que vise a liberdade e a construção de uma sexualidade sem preconceitos, determinações ou premiações.

ainda sou pedagoga por uma educação que possa se livrar das bases machistas, homofóbicas, brancas e elitizadas. não sou mais professora – prefiro lutar a professar.

15.3.06

As horas não fazem diferença

se o tempo passa rápido ou demora
tudo bem
as coisas não mudam dentro de mim
eu queria que você me olhasse
porque eu tenho que viver assim
porque meu coração está vazio
e durante todo tempo
fico esperando seu olhar
um sentimento pequeno mas não efêmero
um beijo calmo
um carinho comum
no meu cabelo
uma briga pelas coisas que não gosto em você
posso fazer tanta coisa
penso em tantas coisas
escrevo às vezes
mas continuo esperando um olhar

9.3.06

8 de março o caralho

Este ano eu não estava engajada em nenhuma manifestação ou evento de luta pela mulherada neste dia. Passei todos os outros correndo atrás de alguma coisa e nunca percebi o que as poessas pensavam ou diziam sobre ele. Fechada no ativismo feminista, parecia que só nós lembrávamos e agitávamos as "comemorações". Fiquei pensando em fazer um texto legal pra por no blog, mas não saiu nada. Acabei só colocando um button "Violencia contra mulher não tem graça nenhuma" na blusa e fui trampar. Aí começou a merda: parabéns, flores, elogio ao nome e às velhas "qualidades femininas"... Fiquei levemente irritada, piorou quando ninguém se dignou a comentar nada do meu button e fechou o tempo geral quando, à noite, entrei no orkut e recebi de algumas amigas aquelas mensagens toscas elogiando mulheres por serem lindas, fortes, delicadas, mães e filhas de deus... Ah! ainda teve os milhares de e-mail de lojas e afins aproveitando pra vender algo tipicamente "feminino". Nosso dia já era... virou motivo pra tudo pelo qual as costureiras grevistas (e as feministas que as homenageram por morrer lutando neste dia) tentaram mudar: submissão feminina. Este ano meu 8 de março foi mais triste: preciso voltar à correria.

5.3.06

outros mundos

engraçado,
agora que você esta aí
e eu estou aqui
conseguimos nos desarmar
e nos entender

antes, quando não existia distância,
eu só via teus erros
e só me defendia.

eu ainda não sei o que você pensa,
nem o que realmente quer,
mas sei: existem coisas iguais.

somos de mundos diferentes
eu da terra, sem que isso me comande
e você, de onde?

26.2.06

carta

Meus dedos deslizam sobre a tinta
é só mais um quadro
um desejo no papel
Ontem sonhei com você
ainda não acredito na sua morte
Tenho amigos que virão em casa hoje
chegarão daqui a pouco
vamos beber e conversar besteiras em algum bar
vamos ouvir as mesmas músicas de sempre
sem brilho algum
Eu queria que você estivesse aqui
hoje estou sozinha
precisava discutir
ser contrariada
ouvir frases bonitas e feias
Precisava sentir meu coração quente
o inverno está em mim
não sou capaz de me conter com meus livros
ou minhas músicas
Sinto raiva por isso
e a tua falta continua a doer
Porque você decidiu morrer?

17.2.06

"humano, demasiado humano"

"de fato, eu mesmo não acredito que alguém, alguma vez, tenha olhado para o mundo com mais profunda suspeita,e não apenas como eventual advogado do diabo, mas também, falando teologicamente, como inimigo e acusador de deus,e quem adivinha ao menos em parte as consequências de toda profunda suspeita, os calafrios e angústias do isolamento, a que toda incondicional diferença do olhar condena quem dela sofre, compreenderá também com que frequencia, para me recuperar de mim, como para esquecer-me temporariamente, procurei abrigo em algum lugar - em alguma adoração, alguma inimizade, leviandade, cientificidade ou estupeidez" (Nietzshe)

2.2.06

Em sua maioria, os homens violentos não são doentes mentais.

Existe um costume de anormalizar o machista típico, aquele com as frases mais grotescas, vícios de personalidade, alcoolismos. Patologiza-se essa figura, e acredita-se que ser machista é uma questão de indecência, de mero desvio do padrão, de loucura antisocial, que nem novela do Manoel Carlos.

15.1.06

os doidos

gostavam de conversar por horas
competiam por suas loucuras
vibravam com suas histórias
tudo tão surpreendente
que logo ficou chato
voltaram ao normal
cada um pro seu lado