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30.9.15

A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera


"... nunca se pode saber aquilo que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.
(...)Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida é como não viver nunca". (p.14)

"Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e que se repete todos os dias, não é senão uma coisa muda. Somente o acaso tem voz". (p.54)

"Esse é um aspecto que escapou a Freud na sua teoria dos sonhos. O sonho não é apenas uma comunicação (às vezes uma comunicação codificada), é também uma atividade estética, um jogo da imaginação, e esse jogo tem em si mesmo um valor. O sonho é a prova de que imaginar, sonhar com aquilo que nunca aconteceu, é uma das mais profundas necessidades do homem. Eis aí a razão do pérfido perigo que se esconde no sonho. Se não fosse belo, o sonho poderia ser rapidamente esquecido". (p.64) 

"Certamente teria preferido dormir só, mas o leito comum permanecia o símbolo do casamento, e os símbolos, sabemos, são intocáveis". (p.89)

"Os extremos delimitam a fronteira para além da qual a vida termina, e a paixão pelo extremismo, em arte como em política, é um desejo de morte disfarçado"(p.100)

"Tomas compreendeu uma coisa estranha. Todo mundo lhe sorria, todo mundo queria que ele escrevesse a retratação, retratando-se faria todo mundo feliz. Uns ficavam contentes porque a proliferação da covardia banalizava suas próprias condutas, devolvendo-lhes a honra perdida. Outros estavam acostumados a ver em sua honra um privilégio particular, do qual não queriam abrir mão. Também nutriam um amor secreto pelos covardes. Sem eles, sua coragem seria um esforço banal e inútil - ninguém a admiraria". (p.184)

"Já havia compreendido que as pessoas se alegravam tanto com a humilhação moral do próximo, que jamais abriam mão desse prazer ouvindo explicações". (p.193)

1.9.15

Bolo de Aniversário


Quero contar uma historinha fofa pra vocês. Amo fazer aniversário e amo bolo, qualquer bolo, ainda mais de aniversário. Este ano escolhi fazer para a família o que mais gostamos de fazer juntos: um chá da tarde. Sempre gostamos de mesa cheia, comer e conversar até cansarmos da própria voz.
Chá da tarde é só o nome porque o que mais faz sucesso é o café mesmo. Então queria um bolo para tomar com café, desses mais simples, tradicionais, de vó. 
Aqui no vilarejo não tem nada (apesar de não faltar boleiras), mas têm alguns lugares que tenho um carinho especial porque me parecem um cantinho perdido, onde me sinto em casa. Um desses é a Bella Crema onde tudo é muitooo bom. Gosto de ir lá as vezes tomar um expresso com uma fatia de bolo e, por isso, foi o primeiro lugar que pensei para comprar um bolo pro meu aniversário. 
Até aí normal, a fofurice veio na hora de buscar a encomenda. Cheguei lá, pedi e tal. Sai da cozinha o atendente com um bolo lindíssimo brilhando e atrás dele uma senhorinha que logo descobri ser a boleira: 

- Era isso mesmo que você queria? Bolo de laranja com creme e fiz uma caldinha de laranja. 

Ela disse isso extremamente preocupada se tinha acertado, parecia imaginar que era um bolo muito simples. 

- Era isso mesmo! Para comemorar um aniversário numa segunda-feira com café está bom não está?

Ela sorriu aliviada: 

- Ah! Você escolheu o bolo perfeito! Parabéns! 

Pequenas coisas que fazem a vida ser bonita né!? <3 p="">