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28.3.06

quando você voltou

quando você voltou
uma sensação de alegria
invadiu meu corpo
o coração bateu forte
e há um leve tremor nos braços
que não se pode ver, só sentir
fiquei alegre o dia todo
um sorriso persistente no rosto
e uma vontade de não fazer mais nada.
eu não imaginava que você
ainda fazia parte da minha vida
eu nem me preocupei
se te veria novamente
deixei que tua lembrança sumisse.
hoje você voltou
foi a melhor coisa que me aconteceu
desde que aqui cheguei
e eu não consigo mais parar de sorrir.

24.3.06

por que eu deixei de ser professora

há algum tempo estudo e trampo com educação. achei que nunca ia cansar, sempre amei pensar na educação como um ideal. mas, depois de um tempo cansei. cansei de estar institucionalizada desde que tinha 5 anos. cansei de ver meus amig@s estudando e trampando com coisas que pareciam maiores, mais importantes e até mais reais. cansei de estar fechada num mundo conservador e muito, muito machista. cansei da convivencia com professoras-mães. cansei de ver coisas que só eu via.

não me acho a bambambam da educação, mas por ser feminista, e nunca ter tido uma companheira de causa e profissão, via as coisas de uma forma que ninguém, com quem trampei por aí, via.

fiquei perdida: não tenho mais fé na educação? dediquei uma cara da minha vida à quê?

nos últimos tempos acreditei que poderia fazer diferença e promover uma educação, com meus alunos, que estivesse afinada com meus ideais de igualdade e justiça social. foi horrível perceber que além de enfrentar toda uma secretaria de educação por isso, de perceber fofocas sobre minha sexualidade nos corredores e, de me rasgar por uma educação voltada para a liberdade da sexualidade e dos papéis sexuais (ou dos não-papéis) teria também de enfrentar o futuro: meus alunos cairam nas mãos de outras, e o moralismo e conservadorismo são muito mais severos (e em crianças por vezes mais eficazes) com quem não os aceita.

deixei de ser professora pela ferida no meu coração. deixei de ser professora porque não suportava mais levar tiros na fronteira. deixei de ser professora porque precisava me reerguer: não deixei de ser pedagoga! ainda acredito numa educação que seja capaz de aceitar as crianças e a construção de uma sociedade mais justa. ainda acredito que a educação possa contribuir para que a igualdade entre os gêneros seja alcançada. ainda quero implodir a escola e fazer surgir uma nova proposta que vise a liberdade e a construção de uma sexualidade sem preconceitos, determinações ou premiações.

ainda sou pedagoga por uma educação que possa se livrar das bases machistas, homofóbicas, brancas e elitizadas. não sou mais professora – prefiro lutar a professar.

15.3.06

As horas não fazem diferença

se o tempo passa rápido ou demora
tudo bem
as coisas não mudam dentro de mim
eu queria que você me olhasse
porque eu tenho que viver assim
porque meu coração está vazio
e durante todo tempo
fico esperando seu olhar
um sentimento pequeno mas não efêmero
um beijo calmo
um carinho comum
no meu cabelo
uma briga pelas coisas que não gosto em você
posso fazer tanta coisa
penso em tantas coisas
escrevo às vezes
mas continuo esperando um olhar

9.3.06

8 de março o caralho

Este ano eu não estava engajada em nenhuma manifestação ou evento de luta pela mulherada neste dia. Passei todos os outros correndo atrás de alguma coisa e nunca percebi o que as poessas pensavam ou diziam sobre ele. Fechada no ativismo feminista, parecia que só nós lembrávamos e agitávamos as "comemorações". Fiquei pensando em fazer um texto legal pra por no blog, mas não saiu nada. Acabei só colocando um button "Violencia contra mulher não tem graça nenhuma" na blusa e fui trampar. Aí começou a merda: parabéns, flores, elogio ao nome e às velhas "qualidades femininas"... Fiquei levemente irritada, piorou quando ninguém se dignou a comentar nada do meu button e fechou o tempo geral quando, à noite, entrei no orkut e recebi de algumas amigas aquelas mensagens toscas elogiando mulheres por serem lindas, fortes, delicadas, mães e filhas de deus... Ah! ainda teve os milhares de e-mail de lojas e afins aproveitando pra vender algo tipicamente "feminino". Nosso dia já era... virou motivo pra tudo pelo qual as costureiras grevistas (e as feministas que as homenageram por morrer lutando neste dia) tentaram mudar: submissão feminina. Este ano meu 8 de março foi mais triste: preciso voltar à correria.

5.3.06

outros mundos

engraçado,
agora que você esta aí
e eu estou aqui
conseguimos nos desarmar
e nos entender

antes, quando não existia distância,
eu só via teus erros
e só me defendia.

eu ainda não sei o que você pensa,
nem o que realmente quer,
mas sei: existem coisas iguais.

somos de mundos diferentes
eu da terra, sem que isso me comande
e você, de onde?