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27.12.11




Essa música me acompanha todos os fins de ano, desde a adolescência. Que em 2012 possamos realmente fazer diferente o que não está legal e preservar o que vale a pena. 

Com carinho.

26.11.11

Consultoria de Feng Shui

Sábado passado encerrei a consultoria feita para uma cliente de Campinas. A consultoria de Feng Shui é feita em duas partes, primeiro desenho o mapa e efetuo a análise, depois visito o local e explico tudo para a cliente. Neste caso, foi muito interessante porque ela também é feng shuísta, só que da Escola da Bússola. Por questões pessoais e também referentes ao apartamento, desde que se mudou ela tenta aplicar a técnica e decorar a casa, mas não consegue. 
Decidiu contratar alguém para ajudá-la nas tarefas. Minha amiga e designer Simone Sacchi foi contratada para a decoração e eu entrei com a consultoria. Já é o segundo trabalho que fecho em parceria com a Simone e isso tem nos rendido muitos acertos. Ela acaba seguindo os princípios do Feng Shui no projeto e a satisfação dos clientes é dobrada. 
Resolvi colocar o mapa do apartamento aqui, já que muita gente não faz a menor ideia do que seja isso. É um forma de explicar um pouco mais sobre a técnica e também de lhes mostrar o meu trabalho. 
Seguindo os números, conseguimos visualizar cada área do bá guá e sua correspondência no apartamento: 
  • 1 - Trabalho - Lavanderia e banho
  • 2 - Amigos - Banho de serviço
  • 3 - Criatividade - Área de passagem que foi transformada em quarto
  • 4 - Relacionamento - Dormitório
  • 5 - Sucesso - Sala de TV
  • 6 - Prosperidade - Sala de Estar
  • 7 - Família - Sala de Jantar
  • 8 - Espiritualidade - Hall de entrada e cozinha
  • Centro do bá guá - Saúde - Corredor 
Essa posição muda conforme a planta da casa. As áreas neste caso, pegam mais que um ambiente, mas escolho aquele que é mais significativo para fazer a ativação. Em outros casos, há ambientes que ficam com mais de um guá e é preciso harmonizá-los conjuntamente. 
Agora que minha parte terminou, a Simone entra com o projeto decorativo do apartamento e, logo mais a cliente terá a casa como deseja: um lugar para repor as energias, cuidar de si mesma e receber a família.

16.11.11

O rock veio e veio com tudo!

Depois de uma semana louca e de muita ansiedade, fui lá, na guerreiragem, curtir meu primeiro dia de SWU. Cheguei correndo, achando que perderia o Ultraje a Rigor, mas a chuva estava do meu lado e atrasou o show. Primeira banda do dia "Tedeschi Trucks Band". Nunca tinha escutado e nem é meu estilo, mas é boa. Todos são bons. Devem ter feito vestibular pra escolher quem tocaria na banda, porque é muita gente e todos são bons. Curti ali dançandinho até que conheci dois meninos bonzinhos do vilarejo e que me fizeram companhia o show inteiro. Adoro isso em festivais, dá pra ir sozinha numa boa que sempre se conhece alguém.
Depois veio o Ultraje e a polêmica da porrada entre a produção deles e do Peter Gabriel. Sendo maquiavélica, foi bom que aconteceu, porque isso irritou tanto os caras que decidiram fazer um show super rock, quebradeira, pra descontar tanta raiva. Deu certo: a galera incendiou e o show foi incrível. Pular como na adolescência gritando "Independente Futebol Clube" foi delicioso. 
 As fotos não são as melhores, mas prova que eu fui! O dia 13 acabou pra mim com o Duran Duran que foi lindo! Dançante e encantador. Só tenho elogios a este show. Foi incrível ouvir a primeira nota e gritar "Cara é a mesma voz! Igualzinha, desde 80!". Além de talento, esbanjaram simpatia, descendo pra falar com a galera, vestindo a bandeira como se fosse uma echarpe. Lindos, brilharam e entraram pra minha lista de melhores shows da vida. 
Então chegou o dia 14 com Black Rebel, Sonic Youth e Stone Temple Pilots. As outras ou eu não conhecia ou não curtia. Perdi Black Rebel, infelizmente, que começou 15 minutos antes e dancei rindo e admirando o Stone Temple Pilots. Sobre o Sonic Youth eu tenho tanto pra falar, que vai rolar um post exclusivo. 
Entre os que eu não gosto, vi algumas músicas do Megadeth, Alice in Chains e Faith no More. O melhor do Megadeth é o público super fanático curtindo horrores, gritando todas as músicas inteiras, sem abaixar as mãos uma única vez. Ah! E haja cabelo rodando. Alice in Chains foi assim também. Faith no More eu veria inteiro porque rolava até um compromisso, mas a dor na perna que eu machuquei no dia 13, estava insuportável. Saudades do corpo da adolescência rs. 
Quanto ao evento, estava gigantesco, agradando a todos os gostos. Faltou entregarem um mapa e a programação, todo mundo reclamou disso, era terrível saber os horários e a sequência das bandas. Apesar de caras, como sempre, as praças de alimentação estavam variadas e com atendimento mais rápido que de fast food de shopping, mesmo atendendo um público muito maior. A chuva? Choveu.
Especial pra mim, ainda, foi conhecer pessoalmente a Kelly Camilo, com quem escrevo no "Minha saia é mais justa" e receber os amigos André e Paola, vindos de Santos, para curtir o festival. 
Foi tão bom, que quero é saber quando será o próximo! Lollapalooza?

11.11.11

Que venha o rock!


Estou há uma semana na correria de me preparar para receber os amigos e curtirmos juntos o SWU u u! Juntando com minha vida que está uma loucura e com minha característica de me desesperar e ficar mais ansiosa do que nunca, foi uma semana louca. Mas a partir de agora eu sou só SWU. Ok ainda falta ir no mercado, apresentar o projeto para o cliente, fazer as correções, entregar para o pedreiro, pegar os colchões na casa da minha irmã, a faxineira chega as 7h30 amanhã, tenho manicure as 11h e meus amigos não me dizem que horas chegam e se terei que buscar os de Fortaleza no aeroporto, tenho que buscar a calça que quero usar que mandei apertar e... acho que só. Espero que só. 
O mais interessante é que o vilarejo está igual a mim. A cidade está mais agitada do que o normal desde segunda, todos se preparando para receber uma multidão que nem cabe na cidade. As promoções de cerveja, que geralmente começam na quinta, começaram na segunda. Tudo está lotado: mercados, postos de gasolinas, ruas, tudo. Um calor infernal de arder quando o sol bate na pele, nos maltratou até as 18h de hoje, então o temporal chegou. Os temporais do vilarejo só causam mais confusão: sempre caem árvores, casas são destelhadas e agora ainda penso no camping do evento! É quando estou ansiosa fico assim. 
Espero apenas que este feriado me compense de tanta correria, falta de cuidado com meu corpo (pois até adoeci nesta semana) e tanta ansiedade por curtir mais um show. Serão 4 dias de casa cheia, curtindo com os amigos, como eu gosto. E será um dia 14 histórico vendo o meu Sonic Youth mais uma vez. Volto só o pó na quarta para contar tudo pra vocês! Beijinhos.
ps: enquanto escrevia, ganhei o ingresso do dia 13! SWU u u! 

30.10.11

Design para gatos

Inspirada pelo comentário do leitor Emanuel no post "Meu sonho de sofá", resolvi pesquisar mais dicas para donos de gatinhos. Ter um bichano pode lhe trazer um grande problema na decoração: a velha arranhada nos tecidos - sofá, poltrona, colchão, tapete, cortinas. 
Os manhosos precisam arranhar e unhar por vários motivos, para se alongar, fortalecer os músculos, afiar as unhas, demarcar território e até para limpar suas unhas. Exato, limpeza, principalmente se for depois das refeições. Acho que gatos são virginianos, pois têm mania de limpeza. Como boa virginiana confesso que adoro isso neles. 
Então, com tantas necessidades numa única e bela arranhada no braço do seu sofá, não adianta gritar "pára" que ele não vai parar. Gatos também aprendem muito fácil, só que precisam ter o que arranhar, se não pode  ser o sofá, ofereça algo em troca. Principalmente gatos criados em apartamento, que não terão a chance de sair para procurar um substituto.


Este é o modelo Cozy, da Cozy Gatos. Além dos postes para arranhar, ele tem brinquedo para caçar, tubo com furinhos e duas caminhas. É todo revestido podendo ser mordido, arranhado e esfregado em qualquer parte. O site da Cozy é muito legal, recomendo. Eles têm ótimos modelos e ainda fazem sob medida, conforme as necessidades do seu bichinho ou conforme o seu gosto (há uma grande cartela de cores). 


O Toca da Joaninha é do Mimapet. Achei uma graça! Já delimita o lugar do gatinho na casa, ótimo para ambientes pequenos. Fico imaginando o quanto o gatinho ia curtir ter esta toquinha só para ele, já que todos os que tive adoravam se enfiar embaixo de sofá, cama e no meio dos cobertores. 

Este é o modelo mais conhecido de arranhador. Ainda tem um ratinho ali para ser caçado. Eu já tive um assim, só que rosa. Meus gatos usavam muito o poste para arranhar, mas toda vez que tentavam subir no topo, ele virava. Há mais cores e designs dele no site da Cobasi





Mas se o seu bichinho prefere arranhar madeira, recomendo um modelo de porta, como este da Cobasi. O ideal é regular a altura. Similar a este existe também um modelo que veste o braço do sofá, como uma capa mesmo. Vantagem, mesmo quando você não estiver de olho, o gato vai unhar o brinquedo. Desvantagem, ele nunca vai entender que não é para unhar o sofá! 


27.10.11

Devaneios do cansaço


Ando sumida daqui, confesso que escrever ao menos três vezes por semana para o Minha Saia é mais justa, tirou um pouco do meu tempo. Mas não só. Meu trabalho resolveu dar uma guinada e ocupar mais horas do meu dia. Hoje foi um dia muito cansativo e quando fico muito cansada tenho mania de pensar e devanear sobre a minha vida.
Provavelmente foi assim que nos últimos anos como professora e terminando a faculdade meu stress apareceu e com ele a depressão. Cansada e pensando. Mas não hoje, não nesta nova fase. 
Hoje olhei para trás e percebi que trabalhar nunca foi um problema pra mim. Desde o meu primeiro emprego aos 13 anos de idade, como recepcionista de uma academia de judô, até hoje, nunca fiquei mais de um mês desempregada. Em geral saí de um trampo, para assumir outro.
O que não significa que tenho uma carreira brilhante. Nos últimos tempos parece que carreiras brilhantes são comuns. É verdade que elas se disseminaram. Sinto muito Direito, Medicina e Engenharia, mas tem mais gente brilhando além de vocês. Só que eu escolhi algo que no Brasil, quase nunca brilhou. Eu desenvolvi em 10 anos de magistério e 14 de estudos em educação, uma carreira sólida. Depois desse tempo percebi que ainda faltavam mais uns 10 anos para conseguir algo mais significativo, como uma diretoria de escola. Com 20 anos de profissão eu teria enfim uma promoção para sequer dobrar o meu o salário. Então eu desisti da educação e desde então venho tentando criar uma identidade profissional.
Não fiquei sem trabalho nunca, sempre empregada. Ao todo, são 21 anos ralando para pagar as contas e alguns pequenos desejos. Às vezes olho para isso e penso "que merda micaela, você não conseguiu". Coisa de virginiana, coisa de quem não chegou aonde quer ainda. Mas quando tenho pequenas vitórias, como a desta semana, eu olho para toda essa história e penso "caramba mica, tá macgyver heim!? já fez de tudo um pouco e sua hora de brilhar está chegando!". Prefiro o segundo pensamento, ele não desastabiliza minha depressão, ele me faz sorrir. 
E é verdade. Já fiz muita coisa: recepcionista de academia, modelei (sim eu já fui magra rs), promotora de marcas, telefonista, recepcionista de consultório médico e assistente de laboratório, professora de educação infantil e de ensino fundamental I, coordenadora pedagógica, escriturária técnico judiciário, escriturária, assistente jurídica. Mais os "por fora" como ficar na porta de festas que as bandas de amigos iam tocar, vender meu cérebro fazendo trabalhos, resenhas e monagrafias e, a enorme lista de trabalhos manuais que me enfiei em algum momento. 
Emprego e ralar de trabalhar nunca foi um problema pra mim. Mesmo sem brilho, mesmo sem total realização. Só fica uma constatação ruim: eles estragam a minha criatividade. 

4.10.11

o ooo ooo oooo rock in riooo!


Acabou. Na madrugada desta segunda chegou ao fim a terceira edição brasileira do Rock in Rio. Foram 7 dias de música, multidão, mãos para cima, emoção e nostalgia. Olhando para esses 7 dias agora, de longe, sorrio. Com o bom e o ruím que teve, o festival agitou o Brasil inteiro e mais uma vez fez algo que só a música consegue: nos uniu. 
As críticas começaram logo que as atrações foram anunciadas. Em geral, o que mais se gritava era "Isso não é rock". Não mesmo, mais da metade do evento não era rock. Mas o evento é rock: dois palcos, música rolando a partir das 14h40 até de madrugada, tenda eletrônica, uma área vip de 1km, tudo ocupando uma área chamada de Cidade do Rock. O evento foi de proporções rock. 
Além disso o Rock in Rio não nasceu rock, nem a primeira edição, em 1985, foi completamente de bandas rock. Mas o festival foi rock. Num país recém liberto da ditadura, 10 dias de música é uma atitude muito rock. E o público entra nessa sensação e acaba sempre gritando o que não o satisfez. Em 1985 vaiaram o Lobão, em 2001 vaiaram o Carlinhos Brown, este ano foi a vez da Cláudia Leite. 
O Lobão é o mais rock dessa lista, mas verdade seja dita, a vaia fez bem pro rebelde. Foi erroneamente colocado pela produção no mesmo dia do metal. Podem imaginar a galera querendo bater cabeça e ouvindo "Chove lá fora"? Desculpe Lobão, mas a produção merecia a vaia. O cantor sumiu e quando voltou foi super rocker. Entrevistas e declarações detonando as super gravadoras e a indústria da música, álbum lançado de forma independente e vendido em banca de jornal que rapidamente atingiu marcas de grandes lançamentos. Voltou mais rocker que nunca e arrasou. Pena que o público não teve esse efeito sobre os outros vaiados.


Assisti quase todos os dias do festival. No primeiro dia Katy Perry arrasou. Milton foi o fiasco desnecessário e incompreensível. Claudia Leite foi chata, brega e irritante, como sempre. Rihanna atrasou tanto que eu decidi dormir, já tinha dúvidas se gostava dela, agora decidi que não gosto. 
Começa o sábado e eu ligada na TV, comentando tudo no Twitter e no Facebook. Stone Sour me conquistou e eu nem gosto de metal, só respeito. Capital Inicial entrou com o Dinho super empolgado, assim, ligado no 220w mesmo e cantou as mesmas de sempre. Agitaram o público que quase dormiu com o Snow Patrol. Eu gostei de Snow Patrol, mas é música pra ouvir no lanche da tarde. Então começa o show do Red Hot, uma única música e já não consigo me conter. Flea foi incrível, não dá pra acreditar.  
Domingo foi o auge do metal e nem assisti. Dizem que perdi um dos melhores shows, pra quem gosta deve ter sido mesmo. 
Então chegou a quinta-feira dia 30... Ah fiquei impressionada! Achei todos os shows de qualidade, mas Janelle (que aliás foi a única que quase me fez comprar o ingresso de última hora e no desespero) me surpreendeu. Seu show é um caso a parte. É música, é dança, é peformance, é arte... e é muito divertido. Já era louca pelo trabalho de Janelle, agora virei fã. Além dela, teve Paula Lima que valeu a pena, Joss Stone e Jamiroquai. Teve a homenagem à Legião Urbana que foi nostalgicamente emocionante... porra, adolescência. Mas teve uma tal de Kesha que pelamor! Credo que coisa ruim!


Sexta tinha muitos motivos pra me segurar no sofá, mas a vida me chamou e só consegui ver o comecinho do Lenny Kravitz... Sábado... nem lembro, meu estado Sagatiba apagou minha memória. Domingo então veio já com a sensação de fim e de "que pena". Foi bom pra descobrir que gosto de Pitty, sério. Pra ter certeza que acho Evanescence um saco. Apesar da semelhança física das duas aí. Pra curtir ver a galera se empolgando com SOAD. 
Ao fim de tudo tem três coisas que não saem da minha cabeça. A idéia de que o "rock" do evento não se refere a rock`n roll, mas ao verbo. O fato de ser tudo executado por uma mulher desde a segunda edição, sendo que hoje ela tem a minha idade. E, a lembrança mais marcante pra mim do Rock in Rio de 1985: eu criança, viajando de carro com meus pais pela Dutra, olhava pela janela as pessoas andando e pedindo carona pra conseguir chegar no Rio. Meninos e meninas de jeans, camiseta e tênis, com mochila nas costas, boné e garrafinha de água na mão, caminhando quilômetros para curtir algo que o Brasil nunca tinha visto. A  criança aqui pergunta "é verdade pai, eles vão pro show?" e meu pai responde "vão sim, olha lá" e eles dão tchau pra todo mundo que passa, buzina e grita "Rock in Riooo". É, isso é rock! 

26.9.11

Super designers: Patrícia Urquiola

Conheci o trabalho dessa espanhola ocasionalmente, quando uma vez veio palestrar em SP. Não pude conferir a palestra, mas fiquei curiosa para saber mais sobre a designer que vinha acompanhada de muitos elogios e principalmente sendo considerada um dos nomes mais badalados do design contemporâneo. 
Em pesquisas aqui e ali descobri elementos que adoro em peças contemporâneas e que são essenciais no trabalho de Urquiola. As peças têm design limpo, usa muitos materiais sintéticos e versáteis para explorar a forma, as linhas retas e curvas se equilibram dando leveza e detalhes femininos encantadores. Tornei-me fã. 


Acima o conjunto de mesas T tablet, desenvolvido para a Kartel. Abaixo o super versátil Tufty Time, que pode ser puff, sofá, cama e o que mais você inventar.




24.9.11

Rock in Rio

Sem grana para ir para a cidade do rock!? Vai assistir pela TV e descer a lenha pra aliviar a inveja!? Eu também! E ainda vou comentar tudo no twitter e no facebook! Se quiserem socializar, é só me achar por lá! 


19.9.11

Sobre sexo, amor e uma boa sacanagem


em homenagem a Scarlett Johansson
O sexo me perseguiu neste fim de semana. Infelizemente não foi na sua melhor forma, essa mesmo que vocês pensaram quando leram a palavrinha. Mas nestes dois dias, me deparei com coisas sobre sexo que me fizeram sentir necessidade de gritar um pouquinho aqui... e não é de prazer. 
Começou no sábado com uma amiga que escreve comigo no Minha saia é mais justa, desabafando que fora agredida em decorrência de uns posts em que falamos sobre sexo no blog. Não sei o que aconteceu porque ela ficou tão mal que não conseguiu contar. Sei que foi pela net e veio de amigos. Ex-amigos. Ex-medíocres-amigos. 
Pensando no que poderíamos fazer para defendê-la, já que ir até o agressor e pendurá-lo pelado amarrado numa árvore com uma cam ligada em rede é crime e, não pode passar de um pensamento psicopata que devo reprimir, lembrei-me da entrevista que fizemos na sexta com a também amiga Priscila Valdes e que no final comentou sobre o blog Cem Homens e sobre a velha falta de propriedade do nosso corpo. Nesse blog, que aliás recomendo, a jornalista resolve falar de sexo, mas também de amor e de relações. Os moralistas e tarados de plantão só enxergam sexo e ela é constantemente agredida. Já foi até chamada pela imprensa nacional de segunda Bruna Surfistinha. A mina não é puta, ela é sim uma corajosa. 
Conversando com uma amiga, falamos horas sobre a liberdade de desejos e de amor e o quanto isso é delicado, o quanto ainda fere as pessoas e o quanto por isso tudo acabamos nos reprimindo. 
Todas essas coisas ficaram emboladas aqui no estômago. Eu sabia que se resolvesse escrever o discurso de gênero ia vir bombando e sairia quase um trabalho de mestrado. Mas eu queria conseguir falar sem tanta raiva, com a mesma propriedade e em linguagem simples, essa que sempre uso aqui. 
Então a Revista TPM me salvou mais uma vez. Na edição de agosto, que estava largada aqui em casa sem ler, há uma reportagem super bacana sobre o movimento "Make love not porn" criado por Cindy Gallop. Recomendo absurdamente a leitura e uma visita ao site. A verdade é que ler isso me iluminou.
Já estamos há 40 anos da revolução sexual e nossos queridos homens ainda não entenderam que gostamos de sexo, sentimos tesão e desejo, mas isso é do nosso jeito, não do deles. Sei que isso não rola só com homens, sei que isso é um paradigma que ainda permeia toda a sociedade. Mas vou sim me dirigir aos homens e foda-se a mania de defesa deles de dizer "ah mas tem muita mulher que..." 
A coisa é tão simples: somos iguais a vocês. Não há nada biologicamente que nos impeça de sentir tesão. Há socialmente e culturalmente. Por isso mesmo a sexualidade é uma construção. Cada um vai achando o que gosta e o que não gosta. Mas vocês precisam entender que o fato de uma mulher sentir tesão não a torna uma vagabunda que pode ser desprezada e maltratada pelo seu tesão. Jura mesmo que depois de dois mil e 11 anos vocês ainda só conseguem enxergar as mulheres como Marias ou Madalenas!? 
Sem contar que isso é uma burrice até do ponto de vista do sonho de ser uma pegador. Porque muitas vezes, sacamos que vamos ser consideradas assim e broxamos... muitas vezes estava quase no ponto de pegar e aí mostram quem são... tchau baby, você já era, próximo. 
O "Make love not porn" me encantou justamente pela idéia de que sexo também é amor. Lutamos tanto para dizer sexo é sexo, amor é amor, que esquecemos do sexo com amor e com respeito. Não, não é uma defesa do voltem a casar virgem! É só para lembrar que no sexo existem dois e os dois têm que curtir a coisa. É só para defender que os padrões da industria do sexo são pensados no tesão machista e mulheres não são atrizes pornôs que vão se deliciar com tudo o que fizerem.
Em qualquer relação há sempre o limite do outro. Há sempre o momento de ver se isso será bom para os dois. E, sinceramente, se todos os seus desejos são os de fazer igual os filmes pornôs sinto ter que trazê-lo a encarar duas verdades cruéis: existe muito mais no sexo do que um filme pornô consegue mostrar e isso só se descobre olhando para dentro, não para a tela. Ser produto é fácil, mas é pouco. A escolha meninos, é de vocês.  

13.9.11

Meu sonho de sofá

Como prometido, fotinhos do sofá novo! O escolhido foi...

O Califórnia Suede da Etna!!! Na verdade foi ele que me escolheu, porque eu nem tinha decidido ainda quando acompanhei minha irmã a loja para ver um presente e descobri que o lindão aí estava com 50%, repito CINQUENTA POR CENTO, de desconto. Chegou na sexta, mas eu tinha um casamento no sábado que tomou todo o meu tempo, no domingo amanheci com dores e descobri que tinha distendido um ligamento da coluna, por isso só hoje pude postar as fotos.

Estou muito contente com a compra! Ele é confortável para sentar e para deitar, parece mesmo um colchão com uma densidade firme, nada muito molenga. Como disse, as almofadinhas podem ficar no meio ou fazerem as vezes de braço. O suede (tecido) já vem semi-impermibializado, o que facilita a limpeza e evita manchas. Não pega pelos, o que é muito importante para mim. E tem 3 posições para o encosto, podendo ficar na diagonal, posição recomendada para a paquera, assim você fica propositalmente semi-deitada, faz charminho e ganha o cara. 

De quebra as fotos mostram mais um pouquinho da minha sala de estar, as paredes em marfim que eu mesma pintei, a cortina em voal vermelho (também da Etna, mas que já tenho há anos, ficavam no meu quarto na outra casa) e a minha primavera vermelha que me dei de presente de aniversário.

Para quem se interessa pelo Feng Shui, esta área da casa é a área do sucesso, por isso a aplicação de vermelho. O próximo passo será cuidar da minha área da saúde, já que tenho uma coisinha por semana desde que me mudei e a esta área caiu bem no banheiro. Sutilmente eu diria que minha saúde está indo pelo ralo. 

29.8.11

corpo

Voce já passou a mão no seu corpo
sentiu cada centímetro de quem você é?

pele, braços, músculos, pelos

voce já sentiu seus dedos correndo sua pele
sentiu que eles sabem mais de você do que sua mente?

língua, lábios, saliva, dentes

pense em tudo que o seu corpo nao te mostrou ainda
pense em cada detalhe escondido que você pode ter perdido

pés, dedos, ossos, tendões

faça isso agora comigo menino
mostre-me o quanto você pode

mãos, cabelo, olhos, ouvidos

24.8.11

Uma história para uma arma

Sua cabeça rodava naquela noite, as paredes amarelas brilhavam, seus olhos ardiam, o ar faltava. Assistiu um filme uma vez que descrevia isso como crise de ansiedade. Crise nada. Era só desespero.
Tudo começou quando comprou aquela arma. Disseram que seria melhor assim, ela já não tinha muita certeza do que fazer, então comprou a arma.
Depois de um mês olhando pra arma, limpando, guardando, percebeu que não fazia sentido comprar algo que não ia usar. Ela comprava sapatos que usava, roupas que usava. Nunca foi dessas que gasta por gastar. Isso não podia continuar assim, só tinha uma coisa a fazer: usar a arma.
No dia seguinte de manhã, colocou a arma na bolsa e saiu para trabalhar. Em todo o seu dia olhou para as pessoas e para as coisas pensando quando lhe dariam a oportunidade de usar a arma. Porque uma arma para ser usada, pensava ela, não podia ser simplesmente sacada e disparada. Era preciso uma história. Perseguiu qualquer pista que pudesse se tornar uma história. As fofocas das recepcionistas sobre o caso entre a diretora e o segurança. A briga entre duas assistentes no café. Mas eram histórias dos outros, não conseguia entrar nelas para usar a arma. Se dependesse de suas histórias nunca conseguiria, ela já não tinha histórias.
Resolveu ajudar o acaso. Ficou até mais tarde no trabalho e só saiu quando estava escuro e perigoso. Com a mão dentro da bolsa, torceu ser abordada por um ladrão ou um maluco qualquer. Nada. Desceu do ônibus alguns pontos antes para ver se alguém a seguia. Nada. Foi dormir preocupada. Ela precisava usar a arma, precisava de uma história.
A semana toda ela deu asas a esta ideia e nada aconteceu. Na sexta pensou em se matar. Mas porra, ela não queria morrer, ela só queria usar a arma! Vender não era uma opção. Ela não vendia suas roupas ou sapatos. Suas coisas ela usava e depois jogava fora ou dava para alguém. Não podia jogar fora ou dar algo que ainda nem tinha usado. Nunca achou que fosse tão difícil conseguir usar uma arma.
Agora, andando pelo quarto em desespero, com as costas curvadas, apertando os próprios braços, descalça, descabelada, ela olha para a arma na cama. Já se passaram 3 semanas nessa luta. Ninguém vive tanto tempo sem um acontecimento. Nem uma barata invadiu seu banheiro para que ela pudesse atirar. A arma estava ali, parada, limpa, brilhando, nova. O que mais a incomodava era o porquê. Porque ela não tinha nenhuma história para encerrar com um tiro? Porque nada acontecia que lhe desse um motivo, uma desculpa?
Chegou a conclusão que isso era infelicidade. Porque chorar por acontecimentos tristes era ruim, mas eles passam e ficam as histórias. Ela não tinha histórias, nada lhe acontecia, nada bom, nada ruim. Ela só tinha uma arma que não podia usar.
Ouviu a porta abrir. Juliano estava viajando este tempo todo. Chegou, colocou a mala na sala e chamou seu nome. Ela olhou para a arma. Juliano detesta armas, falou para ela não comprar esta coisa. Respondeu com voz trêmula "estou no quarto". Ouviu seus passos e sua voz de moleque "é aí que te quero mesmo". Pegou a arma. Juliano ficou parado na porta, olhando assustado. "Diga que você me traiu!" "Está maluca? Eu não te traí!" Ela atirou. Sentiu o alívio no corpo, sorriu.

14.8.11

Meu Pai


Eu nunca falo muito sobre o meu pai. Ele morreu quando eu tinha 13 anos, a maior parte da minha vida, estou sem ele. Terminei de crescer sem ele, virei adulta sem ele. E me acostumei tanto com esta situação, que estranho encontrar amigos com a minha idade e terem pai. Encontrei muitas pessoas na vida na mesma situação que eu, outros tantos que nunca conheceram os pais, mais ainda os que perderam contato pela separação. Na família não é diferente. Venho de uma família de mulheres. Minha mãe, suas irmãs e minha sempre foram o lado forte. Guerreiras, enfretaram doenças, mortes, traições, separações. Criaram seus filhos e fizeram suas vidas sozinhas. Então, pai para mim é lembrança.
Por sorte as lembranças do meu são as melhores que uma filha poderia ter. Meu pai era protetor, era racional, era contestador, era político, era forte, era atleta, era meu exemplo. Eu me lembro dos dias que sentia medo, corria pro colo dele e ele ria me protegendo. Eu me lembro do jeito prático e organizado dele olhar as coisas da casa, do dia a dia, se envolvia nas compras, fazia a feira, a vitamina de frutas toda manhã. Eu me lembro dele falando mal dos políticos, assistindo e comentando o jornal, arrumando soluções para tudo. Eu me lembro dele contando todos os esportes que já fez na vida: ginástica olímpica, futebol, boxe, canoagem. Foi ele quem me ensinou a fazer parada de mão quando isso virou febre, foi ele que me consolou quando as meninas da ginástica olímpica desceram a lenha em mim numa apresentação, foi ele que me mostrou o quanto eu tinha ido bem e por isso fui detonada.
Eu me lembro dele falando. Ele vinha para casa no horário do almoço, almoçávamos juntos, só nós dois e ficávamos conversando até dar o meu horário de escola. Nesses momentos meu pai contava da sua vida. Contava dos amigos, das namoradas, das viagens, de tudo que aprontou. Foi ele que me disse para não acreditar nos meninos, que a maioria só ia querer curtir e que eu devia fazer isso também. Foi ele que disse que deveria aproveitar e só trazer namorado em casa quando fosse para casar. Foi ele que disse para não casar nova e terminar a faculdade antes. Ele me contou de quando foi acampar na serra, no caminho pra Santos. Contou de quando ele e os amigos entravam clandestinamente no Clube Tietê pela margem do rio. De quando quebrou o nariz porque foi sacaneado pelo cara que deveria o segurar numa parada de mão no ar e simplesmente o soltou, deixando-o cair de cara na areia. Contou quando teve chances de se mudar para o EUA e não foi porque sua mãe pediu. Contou de quando fumou maconha aos 16 anos e detestou. Contou das meninas na igreja, nos bailes de carnaval. Do cara que ameaçou ele no trânsito com uma faca e fugiu quando ele foi pra cima mesmo assim. Horas de histórias que eu ouvia sorrindo e admirando: "Esse é o meu pai".
Foram só 13 anos juntos, mas com tantas histórias e falas, que até hoje é ele que eu procuro quando preciso de proteção. Nos momentos mais tristes da minha vida, eu abraço o travesseiro e só consigo pensar "pai me ajuda denovo". E sempre vem uma frase que um dia ele disse, um abraço, uma lembrança que me acalma e me faz dormir. Meu pai é meu lado espiritual, como para algumas culturas, que acreditam que os antepassados são nossos protetores e guias. Sua força e suas histórias me acompanham e me confortam. Talvez por isso tenha sido tão fácil lidar com sua morte. Faz 21 anos que não está aqui, mas sempre está em mim.

5.8.11



Hoje saiu o resultado do concurso literário em que me inscrevi, lembram? Contei para vocês aqui. Não ganhei. Era preciso estar entre os 20 primeiros para ter a crônica publicada. Fiquei nervosa o dia inteiro esperando o resultado. No trabalho, abria a página a cada meia hora e nada de liberarem. Agora há pouco, enfim, liberaram. Balde de água fria, fiquei triste por dois minutos.
No entanto, está tudo bem. Seria maravilhoso ganhar e vir aqui dividir esta vitória com vocês, que sempre me estimulam tanto. Mas eu percebi que não preciso do concurso para continuar escrevendo e nem para acreditar em mim. Eu já descobri que sei escrever e que tem quem goste de ler o que escrevo. Então, está tudo bem.
Mais que isso me lembrei de quantas vezes a vida nos diz não e isso não significa nada. Ganhar na primeira tentativa é raro, muita vezes mais obra da sorte do que do talento. O amigo Thiago Fonseca escreve invejavelmente bem no Ardeverbo, já participou de um concurso e não ganhou também. Fui a um evento cultural onde ele fez uma vídeo-instalação de dois textos e o lugar estava quase vazio. Mas ele continua lá, fazendo suas crônicas e ilustrações e eu continuo lendo-o.
O mesmo posso dizer da amiga Priscila Valdes, do finado Betsy e seus balões coloridos. Todos que a lêem amam, ela não pára de escrever, mas ainda não ganhou nada também. Imagine quantos exemplos existem por aí. Ainda bem que existem os blogs e a internet. Talvez, se não existissem, estaria tudo guardado em uma pasta, ou então, venderia meus textos e poesias no semáforo.

3.8.11

Ah! a euforia!



A vida é mesmo surpreendente. Eu amo escrever, já falei dessa minha paixão em uns cinco posts aqui. Tanto que vivo inventando novos jeitos de aproveitar esse prazer. Casualmente surgiu um novo blog na minha vida. Joguei uma idéia e duas amigas compraram. De conversas e idéias aqui e ali a coisa quase esfriou, mas começaram a nos procurar pra saber quando seria o lançamento. Resolvemos enfrentar isso de vez. Após três noites escrevendo, editando e rindo, ontem foi oficialmente lançado o "Minha saia é mais justa".
A única palavra que surgia na minha cabeça e na qual consigo pensar agora é euforia. Amigos reais e virtuais, conhecidos e olheiros começaram a comentar os links que jogamos no facebook e no twitter. Meu skype parecia uma árvore de Natal piscando e pulando janelinhas de gente comentando. Em uma noite o blog teve 240 acessos e 6 comentários. Seis comentários num post simples de apresentação.
A euforia nos dominou, não esperávamos tanto. Ríamos e tínhamos mais idéias. Começaram a surgir tantas idéias que logo tivemos que organizar mais a coisa, com arquivos e grupo de discussão. Eu fui dormir rindo e sem sono. Eu acordei pensando no blog e no que faríamos hoje. Eu agradeci existir e-mail para poder falar com as meninas nos poucos minutos de escapadinha no trampo. Eu cheguei em casa e já queria me enfiar na net e fazer tudo que pensei desde ontem.
No entanto, liguei a TV. Tenho mania de chegar do trampo e ligar a TV para descançar a cabeça. Preciso ficar uma meia horinha olhando para algo que me impeça de pensar. Vejo qualquer coisa fútil ou desinteressante, até programa infantil da Cultura - que não é fútil, mas já passei da idade. Para meu azar e minha sorte, estava começando o filme Julie and Julia, de Nora Ephron. Desde que foi lançado quero assistir, então me joguei no sofá.
No meio do filme esse post começou a borbulhar na minha cabeça. Porque as desobertas de Julie quando decide assumir o desafio de cozinhar as receitas de Julia e escrever sobre isso em seu blog, são as descobertas de quem já se procurou naquilo que gosta. Eu fiz isso exatamente com o prazer de cozinhar há uns anos atrás. Muita coisa voltou a me preencher a partir daí. Mas especialmente este ano, escrever tem sido meu talento e minha esperança. Recebi tantos elogios pelo que escrevo aqui e no eMe design nos últimos meses, que comecei a acreditar em mim. Foi acreditando em mim que acreditei na idéia do "Minha saia é mais justa". Só nunca imaginei, aliás as meninas também não, que a repercussão seria tão grande logo de cara.
Um dia escrevi aqui que sou feita de paixões e que é preciso que uma nova paixão me contamine para que eu esqueça a antiga. Eu já estava apaixonada por escrever e, depois de ontem, eu estou cega e loucamente apaixonada! Visitem o blog, se gostam daqui, gostarão de lá.

31.7.11

Sobre gatos, amor e riscos


Eu amo gatinhos. Amo sua independência. Amo seu jeito manhoso e sedutor. Amo a mania que têm de olhar soberbos do alto do telhado para os cachorros enfurecidos nos quintais. Amo suas poses engraçadas. Amo o jeito que sentam. De tanto amar, venho tentando criar uma gatinha desde que fui morar sozinha.
Minha primeira gatinha foi a Chérrie. Uma vagabundinha branca com manchas rajadas cinza, de rabo cortado na metade. Fizeram essa maldade com ela na rua, até que foi resgatada por uma conhecida que me presenteou. A Chérrie era doce. Quando eu saía de casa, levava a gata pendurada no meu ombro. Ela ficava ali quietinha, ronronando. Dormia nas minhas costas, uma bolinha bem no meio. Tinha a mania de brincar de esconde-esconde com minhas pernas, que ela acreditava serem desconectadas do meu corpo, provavelmente um animal perigoso que deveria ser atacado, sempre. Se escondia atrás das portas, ou na passagem dos ambientes e ficava esperando essas coisas cumpridas passarem. Eu sempre gritava, ela grudava nas minhas pernas e as arranhava inteiras. Vivia com cicatrizes. Um dia voltei de viagem e a Chérrie não apareceu. Minha empregada contou que a achou na porta de casa: cachorro.
Não lembro quanto tempo depois, a Lica entrou na minha vida. Estava voltando da balada a pé e ela me seguiu. Era tão pequena que cabia na minha mão. Uma siamesa-vagabunda linda com os olhos azuis iguais ao da minha . Quando cheguei na porta ela sentou e ficou esperando eu abrir. Foi a gata que mais me deu trabalho. Era baladeira mesmo. Com 6 meses foi passear na boca da Bandinha, a rottweiler dos vizinhos. Ficou 3 dias internada, quase morremos, eu e ela. Depois de um mês engravidou, antes que eu pudesse sonhar em castrá-la. Mesmo com o barrigão enorme, não parava em casa e, faltando dias para os bebês nascerem, ela bateu a barriga no muro. Hemorragia, perdeu todos os filhotes, saiu castrada. Aí descobriu a caça. Toda noite um camundongo minúsculo virava seu petisco. E eu que morro de medo e nojo de rato, já estava pensando em acreditar em deus e começar a rezar para ela perder o hábito. Foi aí que mudamos de cidade. Ela passou a roubar comida na casa da vizinha da frente. Chegava em casa com um filé de frango na boca, ou uma fatia de presunto. Mudamos novamente e ela achou um ninho de ratos, enormes. Eu acordava e achava os presentes na porta do meu quarto, mortos. O mais absurdo foi o dia que cheguei a noite e ela tinha encurralado 3, TRÊS, destas feras atrás do som. Fui obrigada a vencer meu pavor de ratos. Eu consegui gritar, chorar, tremer e matar o rato ao mesmo tempo. Cena de filme, eu parecia aquelas malucas que começam a esfaquear alguém no meio de uma crise nervosa e ao invés de parar vão aumentando a força e a velocidade. Foi assim que descobri que seria incompetente como assassina. A Lica ainda foi capaz de se encanar. Achei a gata presa no ralo. Ela entrou pelo encanamento do quintal que saía na rua, provavelmente atrás de ratos, e não conseguiu sair. Ficou miando até que eu a achei pelo ralo. Fui obrigada a virar pedreira e quebrar o chão, já que a grelha estava chumbada. Um dia ela pediu pra sair de madrugada, eu nunca deixava, mas ela mordeu tanto o meu pé, que deixei. Demorei um mês para saber: veneno.
Desisti de criar gatinhas. Mas eu estava em Florianópolis e minha irmã me liga: a vizinha que te deu, porque a sua morreu, ela é linda, igualzinha a Lica. E eu escutava ela chorando e miando do outro lado. Quando eu vi aquela coisinha miúda dormindo fiquei apaixonada. A Nany era calma, educada, uma lady. Quase não saía, ficava perto o tempo todo. Foi abandonada antes do tempo e por isso tentava mamar na nossa mão. Eu detestava isso, mas morria de dó. Era muito carinhosa, ficava metade da noite comigo e metade com minha irmã. Nessa época, minha irmã também tinha uma cachorra que adotou a gata como filhote, por isso elas tinham crises de identidade. Se alguém estranho chegava no portão, a cachorra latia e a gata rosnava. Quando a Nany andava no muro, a Lua, uma vira-lata enorme, a seguia, até mesmo no telhado. Engravidou, nasceram 5 filhotinhos lindos, ficamos com aquela que ninguém quis, a Liv. Parecia pequenina e feinha, mas cresceu e ficou maior que a mãe. Tão linda que a roubaram da gente. Então a Nany engravidou novamente, em pouquíssimo tempo, cheguei a dar a injeção, mas ela já estava grávida. Dessa vez ela teve problemas no parto, foi preciso uma cesariana com castração inclusa. Mas ela rejeitou os bebês. A Lua tentou cuidar deles, mas mesmo assim não resistiram. A gata engordou e quase não saía. Um dia chego em casa com febre e ela não veio me receber. A achei deitada no tapete, sangrando: cachorro. Ela não tinha medo deles, achava que eram todos iguais a Lua. Foi uma correria de veterinários, banhos, remédios, mas não adiantou. Quinze dias depois, sem comer e sem beber, ela desapareceu.
Depois dessa coleção de alegrias e tristezas, desisti. Não queria mais saber de gatinhos, de pelos, de gastos. Ficou só o desejo escondido de ter uma gata preta de olhos amarelos. Pesquisei tudo sobre a raça Bombaim. Ficava namorando as fotos na internet. Até que uma exatamente assim me escolheu. A Kim apareceu com sua mãe e 3 irmãozinhos no jardim de uma amiga. Ela também é apaixonada e ficou cuidando de todos, sem coragem de mandá-los embora. A mãe da Kim é enorme, linda, sem um único pelo branco. Mas por ser de rua, é absurdamente brava. Era impossível chegar perto dela. Os gatinhos também eram desconfiados e ficavam bravos com qualquer um. Mas a Kim dormiu no meu colo e eu não consegui mais soltá-la. Passados uns meses, uma colega do trabalho me oferece uma gatinha que ela achou abandonada numa rotatória com a mãe e mais dois irmãos. Resisti a princípio, mas já estava aceitando quando ela me trouxe as fotos e vi o Lee nelas. Quis tanto um gatinho preto, que atraí dois.

Depois de começar a criá-los descobri que existem muitos gatinhos pretos abandonados nas ongs e que não conseguem donos porque no Brasil existe a ridícula superstição de que dão azar. Descobri até que em sexta-feiras 13 eles são maltratados, mutilados e mortos. Fiquei horrorizada e feliz por ter salvado dois deles desse destino. Meus gatos são amorosos, super apegados a mim (o que é uma característica da raça) e super educados. Espero que essa superstição seja ainda vencida pelo respeito. Por sorte eu moro numa rua de apaixonados por gatos e cachorros. Os bebês saem para passear e são cuidados por todos os vizinhos. Todos brincam, protegem, me contam onde estão e o que estão fazendo. Foi assim, que na última sexta-feira, eu fui recebida pelos vizinhos com todo o cuidado do mundo. Acharam um dos meus bebês na calçada: carro. Chorei pelo Lee, porque a descrição parecia com ele. Mas ao cruzar o portão ele pulou no meu colo e eu gritei de alegria. Alegria que acabou quando ele deitou no meu ombro e eu entendi, não foi ele, foi a Kim. Uma tristeza enorme. Ficamos juntos chorando na cama, eu e ele. O Lee dormiu agarrado na minha mão e se eu tentava tirar ele puxava mais forte, até mordia e miava alto, coisa que ele nunca faz. Por dois dias ele sequer pediu pra sair. Por dois dias eu chamei a Kim no quintal, com esperança de que não fosse ela.
Eu amo gatos pela liberdade. Eles não sabem viver presos, entristecem ou enlouquecem. Sabem demonstrar afeto quando necessário, mas não te sufocam por isso. Cuidam e deixam ser cuidados. Adoram carinho e o oferecem. Mas nada de exagero, nada que aprisione. Eu amo gatos porque me enxergo neles. Os riscos são grandes de ser assim. Há cachorros, venenos e carros no mundo. Mas há vizinhos queridos e companheiros apaixonados. Há a noite, os telhados e as árvores. Há um mundo inteiro lá fora e a certeza do cuidado e do aconchego aqui dentro. Não há porque não se arriscar. Vou cuidar do Lee até ele ter uns 200 anos, depois, vou ter outro gato.

20.7.11

Ele chegou!


Dizem que o inferno astral é o período de 30 dias que precede o seu aniversário. Apesar de gostar de astrologia, já ter feito dois mapas astrais e saber quase tudo dos meus signos (virgem e serpente), eu não tenho certeza se esta informação está correta. Tenho uma amiga astróloga, aliás duas, que poderiam me explicar isso, mas nunca fiz a pergunta.
A questão é que o meu inferno astral não acontece assim. Ele vem todo mês de julho. Faço aniversário no lindo dia 31 de agosto. Então, se a informação estiver correta, eu deveria entrar no inferno astral no dia 31 de julho e ele me atormentaria até o dia do meu aniversário. Mas aqui o ciclo é diferente, há anos.
Quando julho começa, mesmo que eu esteja na “melhor fase da minha vida até agora”, uma nuvem aparece em cima da minha cabeça. Exatamente igual aos gibis da Mônica, a nuvenzinha chumbo com raios e trovões vira meu acessório inseparável. Fora de moda, mas inseparável.
O que eu sinto? O que penso? O que acontece? Tudo de ruim. Mau humor e enxaquecas diárias, acompanhadas de crises de choro intercaladas com irritação e tendências autistas. O mundo perde a cor, as pessoas perdem a cor, eu perco a cor. É uma longa TPM ultra plus blaster, cansativa, sofrida e libertadora.
Talvez os astros expliquem, ou Freud. Mas é assim todo ano. E estamos em julho. Estou sem grana até para pensar em dinheiro, agora mesmo acabaram de sair uns centavos da minha conta só porque escrevi isso. Como estou sem grana as coisas acontecem: SWU a venda, com Sonic Youth, no quintal de casa! O sofá dos meus sonhos com 70% de desconto, SETENTA! A luz do banheiro que não liga. A minha faxineira-não-vivo-sem-ela que aumentou o preço. Tudo em julho, inferno de mês.
Pessoalmente estou quebradinha em 158 partes, no mínimo. Minha cama parece o melhor e único lugar do mundo. Se o telefone toca eu sinto vontade de chorar e me pergunto porque as pessoas ligam umas para as outras? A TV parece ser a única companhia possível, afinal ela só fica falando e não se importa que eu não estou prestando atenção. Mas redes sociais se tornaram um inferno, porque elas falam comigo, o tempo todo!
É, para uma pessoa que adora pessoas, contato e conversa, o inferno astral pode ser devastador. O bom é que ele tem data marcada para acabar. Quando agosto e a certeza de que estou em festa chegam, as coisas ficam calmas. Meus olhos voltam a brilhar e só de saber que vou ter meu dia especial, só meu, todo meu, sinto-me alegre denovo. Não faz sentido lógico nenhum, mas é assim.

17.7.11

Pesquisa de sofá-cama para casinha nova

Casa nova dá vontade de ter tudo novo. Não vou conseguir trocar a casa inteira, vai ter que ser bem aos poucos. Algumas coisas são urgentes, como a mesa de jantar que não tenho porque não tinha sala de jantar. E o sofá! Ah o sofá!
Recebo muita gente para dormir aqui: sobrinhas, irmãs, primos, amigos. Então quero um sofá-cama que já me traga duas soluções. Esses são alguns dos modelos que andei achando por aí:


Este é o Tablet, da Tok Stok, achei legal que ele não parece ser um sofá-cama. Adorei as formas retas, que aliás foi critério na pesquisa, e os braços gordinhos. Dá a impressão de ser super confortável, fechado ou aberto.


O que me desanimou foi que é um sofá de dois lugares e quero algo maior. A sala é grande, o de dois lugares que tenho fica perdidinho no meio daquela parede enorme.


Já com 3 lugares, mantendo as linhas retas e com mais charme, o Sumie Mei de Fernando Jaeger quase me conquistou. Ainda mais que na foto está num pink "se apaixone agora". Tecidos, na maioria dos casos, podem ser escolhidos. Eu quero algo em preto ou cinza bem escuro, pois gatinhos largam pelos em tudo. O que me decepcionou foi o preço, não está adequado ao meu momento. Móveis de design assinado têm essa questão, mas o bom é a exclusividade, a qualidade dos materiais e a beleza aliada a funcionalidade. Dificilmente um móvel assinado decepciona nesses quesitos. O Fernando Jaeger é um dos que me cativam, um dia ainda faço um post sobre ele.


O Mackintosh da Futton&Home é uma graça. Aberto parece mesmo uma cama super confortável. Se fosse para o escritório era minha opção certamente. Mas a madeira não combina com o estilo que quero das à sala, mais contemporâneo e sofisticado. No escritório ele nem precisaria sem em preto, um azul escuro ficaria bem legal.



Apaixonei quando vi o Madson, da Tok Stok, tem tudo que eu quero: linhas retas, design contemporâneo, imita os futtons, é de 3 lugares, com várias posições para os encostos que são separados e podem ser deitados separadamente, ideal para ver um filme ou ser usado como cama. E estes pés em aço super discretos!? Lindo! Só não comprei porque dei uma de libriana e também me apaixonei pelo próximo:


O Califórnia Suede da Etna. O padrão preto dele, que infelizmente não achei foto, é exatamente o tom que procuro. As duas almofadinhas também podem ser usadas como braço e o recorte entre o encosto e o assento dá um charme todo especial. Assim que decidir, comprar e chegar eu tiro uma foto do resultado para vocês verem.

15.7.11

Torçam por mim


Depois de várias correções, a crônica "Cena de fim de um amor" foi inscrita no Concurso literário da Academia Jundiaiense de Letras. O resultado sai dia 28 de julho. Vocês ficaram dizendo que gostam do que eu escrevo... acreditei!

14.7.11

Detalhes, fofos detalhes

Quase um ano depois eu, enfim, consigo retomar o blog. Entre muitas consultorias de Feng Shui e muita coisa pessoal acontecendo, o que mais toma forma é o projeto da loja eMe design.
Mês passado fiz o curso de empreendedorismo do SEBRAE e agora estou montando o plano de negócios. O projeto ainda leva um tempo para entrar em execução, há mais cursos que quero fazer e algumas viagens também, mas fico feliz de ver o quanto caminhei desde que me formei em design de interiores pelo SENAC.
Enquanto ralo do lado de cá, para fazer a loja virar, vou trazendo para vocês um pouquinho do meu trabalho, do feng shui e da minha vida. Nesta, a novidade é a casa. Mudei denovo. Eu adoro mudar. Agora meu upgrade foi uma sala de jantar e um escritório. Nada pronto ainda, vou mostrar apenas uns detalhes que já fazem muita diferença.
Lembram-se dos castiçais com velas vermelhas que coloquei na área do sucesso? (veja aqui "Apagão com design") Eles migraram para a varanda na frente da casa e ganharam velas marfim, para combinar:



Nesta casa estou mais verde. A plantinha na jardineira é só umas das várias que minha mãe plantou e me deu de presente. A tarefa agora é não matá-las! Geralmente eu as afogo. Já estão vivas há um mês e receberam adubo. Isso porque minha mama fez até um calendário dos dias de rega e adubo, conforme a espécie.
Um outro detalhe fofo e que também foi presente, são os gatinhos de madeira decorativos. A cliente e proprietária da casa quem me deu, dizendo que são os meus gatos. Coloquei os dois na sala de estar, um acima da porta de entrada e outro acima da porta da área íntima.



E esses são os originais: Lee ao fundo, com 7 meses e a Kim deitada na frente, com 10 meses. Sou completamente apaixonada por gatinhos.



Um detalhe importante, sempre sonhei em ter gatos pretos de olhos amarelos, mas nunca achava um. Comecei a pensar que teria que comprar, mas não existem gatis no Brasil que trabalhem com a raça Bombaim. Eles são mais comuns na Inglaterra e nos EUA. A Kim apareceu com sua mãe e 3 irmãozinhos no jardim de uma amiga. Ela também é apaixonada e ficou cuidando de todos, sem coragem de mandá-los embora. A mãe da Kim é enorme, linda, sem um único pelo branco. Mas por ser de rua, é absurdamente brava. Era impossível chegar perto dela. Os gatinhos também eram desconfiados e ficavam bravos com qualquer um. Mas a Kim dormiu no meu colo e eu não consegui mais soltá-la. Passados uns meses, uma colega do trabalho me oferece uma gatinha que ela achou abandonada numa rotatória com a mãe e mais dois irmãos. Resisti a princípio, mas já estava aceitando quando ela me trouxe as fotos e vi o Lee nelas. Quis tanto um gatinho preto, que atraí dois. Depois de começar a criá-los descobri que existem muitos gatinhos pretos abandonados nas ongs e que não conseguem donos porque no Brasil existe a ridícula superstição de que dão azar. Descobri até que em sexta-feiras 13 eles são maltratados, mutilados e mortos. Fiquei horrorizada e feliz por ter salvado dois deles desse destino. Meus gatos são amorosos, super apegados a mim (o que é uma característica da raça) e super educados. Espero que essa superstição seja ainda vencida pelo respeito. Para o Feng Shui, os animais são ótimos para o Chi e o equilíbrio, contanto que estejam saudáveis. Estimulam especialmente a área do Sucesso, fundamental para alcançar objetivos pessoais e profissionais.

2.7.11

Sobre pratos, pincéis e letras


Eu tenho necessidade de criar. Demorei um pouco pra perceber, confundia com inteligência e talento, porque não sabia exatamente o que eram cada uma dessas coisas. Aos poucos percebi que tenho necessidade de criar. Não criar me deprime, fico me sentido inútil, pequena, acaba com minha auto-estima. Mas quando crio, olho para a criatura e sorrio sozinha.
É assim com o blog. Cada vez que escrevo um post, releio-o umas milhares de vezes. Uma ao fim, para ver se era isso mesmo. Outras duas ou três quando decido publicar. Mais uma vez para cada comentário e, se não há nenhum comentário, mais umas vezes para ter certeza que gosto dele mesmo assim.
Só há um problema com minha criatividade. Ela não se divide. Há várias coisas que gosto de criar e só consigo direcionar para uma delas por vez. Se escrevo, não cozinho, não desenho, não invento nada novo para casa. Se resolvo dar um jeito na decoração da casa, não consigo escrever, nem cozinhar. Desenho porque meu desenho é justamente de objetos, projetos e idéias malucas em interiores. Mas se me aventuro na cozinha, o que adoro fazer, só consigo fazer isso e saio de lá esgotada. Apenas o prazer de comer é possível depois e não há como escrever ou desenhar ou mais nada.
Inveja do Picasso, que fazia vários quadros ao mesmo tempo, espalhados pela casa. Ia na cozinha e comia pintando o que lá estava, voltava para o ateliê e pintava um dos que estavam lá. Dizem que até no banheiro ele tinha um cavalete com uma tela esperando suas pinceladas. Não sou tão gênio, nem tão louca, assim.
Percebi que estas coisas eram minha expressão criativa gradativamente. Primeiro veio o cozinhar. Eu cheguei naquela crise horrorosa de "não sei o que gosto, não sei mais o que realmente gosto". Não, eu não estava na adolescência. Era a boa e velha adolescência dos 30. Isso estava me atormentando há algumas sessões de terapia, quando, no meio de uma conversa eu me ouvi dizendo "eu gosto de cozinhar". Parei a história no meio e sorri. Eu gosto de cozinhar. E tudo virou um deleite. Uma receita por dia, louca e alegremente. Cozinhar era a única coisa que tinha sentido, a única que eu sabia que realmente gostava. Lógico que pensei em fazer gastronomia. Foi pensando nisso que fiz um jantar para amigos em casa e mais do que cozinhar eu arrumei a casa, decorei tudo, da mesa ao banheiro. E recebi tantos elogios pelo prato quanto pela decoração. Foi assim que eu percebi que gostava de decorar e que decorar poderia ser um trabalho, mas que cozinhar era um prazer. Como não gosto de trabalho, não permiti que ele estragasse o meu prazer.
Escrever nunca me abandonou. Durante todo o tempo de reencontro, mesmo sem perceber, nunca deixei de escrever. Podia ser uma poesia tosca e rasgada depois, ou um texto super político, ou ainda no meu diário. Não importa o que, desde quando estava na terceira série e fiz minha primeira poesia sentada no chão, esperando minha mãe costurar alguma coisa pra mim, o que me fazia interromper meu momento criativo para as provas intermináveis, desde aquela tarde em que escrevi minha primeira estrofe, nunca mais parei. Só quando preciso cozinhar, ou desenhar, ou algo assim. E pelos últimos posts vocês podem imaginar que não ando nem trabalhando e nem comendo direito...

24.6.11

Porque elas ainda vão mudar o mundo


Virei tia aos 15 anos. Era como um sonho de menina. Eu olhava aquela coisinha branca de olhos azuis brilhando pra mim e só pensava em fazê-la rir até soluçar. Minha segunda sobrinha nasceu eu já estava na faculdade. Achei que nem me emocionaria tanto, pois já conhecia a emoção e a paixão que é ter sobrinhas. Mas quando entrei no quarto e a vi chorando no colo da minha irmã foi instântaneo: meus olhos se encheram de lágrimas, meu coração disparou e eu só sentia amor.
Hoje elas estão com 18 e 10 anos. Uma loirinha revoltada (já raspou e pintou de vermelho o cabelo, cheia de piercings e alargador) e uma mestiça delicada e fashion. Lindas e super carinhosas. Desde que nasceram eu me esforcei pra ser uma super tia. Dizia a mim mesma que não seria pra elas o que 90% das minhas tias e tios foi para mim.
Propositalmente criei coisas que fossem só nossas. Com a Tata (Tainá, a mais velha), virou lei irmos juntas nas estréias do Harry Potter, até ela me trocar pelos amigos, o que considero extremamente saudável. Passamos a rever os filmes juntas em dvd, com pipoca e brigadeiro de colher. Lemos todos os livros e ainda os discutimos, comparando com os filmes.
Com a Bibi (Gabriela, a minha japonesinha) criamos momentos do dia a dia, adoramos arrumar uma super mesa de lanche da tarde para surpreender minha irmã quando vem buscá-la na minha casa. Ela sempre faz um desenho para deixar em algum lugar da casa e poder me lembrar dela todos os dias. Depois que decidiu ser estilista, passou a fazer vestidos para mim.
Há também as falas que se tornaram só nossas. Com a primeira, desde que ela aprendeu a falar, brigamos por quem é que ama mais a outra. Até hoje, num simples e-mail, o final é sempre "eu que te amo". A segunda é muito engraçada e sempre detona minhas frases, como quando nos falamos ao telefone, me anuncio "É a tia mais legal do mundo!" e ela ri "Isso é você quem está falando..." ou me despeço "Eu já disse que te amo?" e ela ri denovo "Todo dia!".
Sempre que vão fazer compras chamam a Tia Mica. Desenvolvi uma fama de conseguir achar as coisas que elas gostam, do jeito que sonham e num preço pagável. Essa fama contagiou a família, mãe e irmãs também me chamam para ajudar nas compras. Conclusão: vivo no shopping!
A Tata é de gêmeos, meu ascendente. A Gabi é de virgem, meu signo. Com as duas tenho muitas afinidades e não consigo passar mais de dois dias sem conversar. Telefone, e-mail, msn, facebook, twitter, o que for! Temos que nos falar e temos que nos ver. Dificilmente passa uma semana sem que não nos encontremos. E quando acontece, dá uma saudade doída.
Eu sabia, aos 15 anos, que ser tia era uma coisa legal. Eu só não imaginava que era perfeito! Eu sabia que ia curtir. Só não imaginava que ia me encontrar e me reconhecer tanto nelas.
Minhas sobrinhas são minha inspiração. Já vejo nelas que a suas gerações são de mulheres e pessoas bem diferentes que a minha. Isso me conforta. Uma vez disse para elas "o meu sonho é que vocês me superem, que me provem que eu estou errada, que achem soluções, idéias e princípios melhores" Não tenho medo de olhar o mundo e perceber que não o domino mais como só os adolescentes são capazes. Seria triste demais se tudo continuasse igual. Essa renovação traz esperança de que realmente haverá um mundo melhor, já que eu não o mudei quando tentei.