Acabou. Na madrugada desta segunda chegou ao fim a terceira edição brasileira do Rock in Rio. Foram 7 dias de música, multidão, mãos para cima, emoção e nostalgia. Olhando para esses 7 dias agora, de longe, sorrio. Com o bom e o ruím que teve, o festival agitou o Brasil inteiro e mais uma vez fez algo que só a música consegue: nos uniu.
As críticas começaram logo que as atrações foram anunciadas. Em geral, o que mais se gritava era "Isso não é rock". Não mesmo, mais da metade do evento não era rock. Mas o evento é rock: dois palcos, música rolando a partir das 14h40 até de madrugada, tenda eletrônica, uma área vip de 1km, tudo ocupando uma área chamada de Cidade do Rock. O evento foi de proporções rock.
Além disso o Rock in Rio não nasceu rock, nem a primeira edição, em 1985, foi completamente de bandas rock. Mas o festival foi rock. Num país recém liberto da ditadura, 10 dias de música é uma atitude muito rock. E o público entra nessa sensação e acaba sempre gritando o que não o satisfez. Em 1985 vaiaram o Lobão, em 2001 vaiaram o Carlinhos Brown, este ano foi a vez da Cláudia Leite.
O Lobão é o mais rock dessa lista, mas verdade seja dita, a vaia fez bem pro rebelde. Foi erroneamente colocado pela produção no mesmo dia do metal. Podem imaginar a galera querendo bater cabeça e ouvindo "Chove lá fora"? Desculpe Lobão, mas a produção merecia a vaia. O cantor sumiu e quando voltou foi super rocker. Entrevistas e declarações detonando as super gravadoras e a indústria da música, álbum lançado de forma independente e vendido em banca de jornal que rapidamente atingiu marcas de grandes lançamentos. Voltou mais rocker que nunca e arrasou. Pena que o público não teve esse efeito sobre os outros vaiados.
Assisti quase todos os dias do festival. No primeiro dia Katy Perry arrasou. Milton foi o fiasco desnecessário e incompreensível. Claudia Leite foi chata, brega e irritante, como sempre. Rihanna atrasou tanto que eu decidi dormir, já tinha dúvidas se gostava dela, agora decidi que não gosto.
Começa o sábado e eu ligada na TV, comentando tudo no Twitter e no Facebook. Stone Sour me conquistou e eu nem gosto de metal, só respeito. Capital Inicial entrou com o Dinho super empolgado, assim, ligado no 220w mesmo e cantou as mesmas de sempre. Agitaram o público que quase dormiu com o Snow Patrol. Eu gostei de Snow Patrol, mas é música pra ouvir no lanche da tarde. Então começa o show do Red Hot, uma única música e já não consigo me conter. Flea foi incrível, não dá pra acreditar.
Domingo foi o auge do metal e nem assisti. Dizem que perdi um dos melhores shows, pra quem gosta deve ter sido mesmo.
Então chegou a quinta-feira dia 30... Ah fiquei impressionada! Achei todos os shows de qualidade, mas Janelle (que aliás foi a única que quase me fez comprar o ingresso de última hora e no desespero) me surpreendeu. Seu show é um caso a parte. É música, é dança, é peformance, é arte... e é muito divertido. Já era louca pelo trabalho de Janelle, agora virei fã. Além dela, teve Paula Lima que valeu a pena, Joss Stone e Jamiroquai. Teve a homenagem à Legião Urbana que foi nostalgicamente emocionante... porra, adolescência. Mas teve uma tal de Kesha que pelamor! Credo que coisa ruim!
Sexta tinha muitos motivos pra me segurar no sofá, mas a vida me chamou e só consegui ver o comecinho do Lenny Kravitz... Sábado... nem lembro, meu estado Sagatiba apagou minha memória. Domingo então veio já com a sensação de fim e de "que pena". Foi bom pra descobrir que gosto de Pitty, sério. Pra ter certeza que acho Evanescence um saco. Apesar da semelhança física das duas aí. Pra curtir ver a galera se empolgando com SOAD.
Ao fim de tudo tem três coisas que não saem da minha cabeça. A idéia de que o "rock" do evento não se refere a rock`n roll, mas ao verbo. O fato de ser tudo executado por uma mulher desde a segunda edição, sendo que hoje ela tem a minha idade. E, a lembrança mais marcante pra mim do Rock in Rio de 1985: eu criança, viajando de carro com meus pais pela Dutra, olhava pela janela as pessoas andando e pedindo carona pra conseguir chegar no Rio. Meninos e meninas de jeans, camiseta e tênis, com mochila nas costas, boné e garrafinha de água na mão, caminhando quilômetros para curtir algo que o Brasil nunca tinha visto. A criança aqui pergunta "é verdade pai, eles vão pro show?" e meu pai responde "vão sim, olha lá" e eles dão tchau pra todo mundo que passa, buzina e grita "Rock in Riooo". É, isso é rock!
Oi Mica! Saudades! Resumiu muito bem os 7 dias de Rock in Rio, ou como coloquei no "Com Aspas": Pop in Rio. E descreveu uma coisa aqui que eu procurava a definição de todo jeito pra explicar e não consegui: "A idéia de que o "rock" do evento não se refere a rock`n roll, mas ao verbo."
ResponderExcluirComo sempre suas palavras arrasam!!!
E a semelhança da Pitty com a Vocal do Evanescence realmente é muita né? Eu achei que Pitty tinha trocado de roupa e voltado pro palco! rss
Um super beijo pra ti!
Obrigada David!
ResponderExcluirIncrível semelhança, que pena, sou muito mais a Pitty!