No fim de 2013 fiz algo que me parece tão grande quanto foi súbita a ideia: virei livreira virtual. Assim, como se vira mulher-maravilha.
Tenho um primo (que aliás admiro pra caramba) que trabalho com sebo há anos. Já teve sua estante lá na passagem da Consolação e dali nunca mais parou de trabalhar com livros usados. Desde que ele começou eu me interessei. Acho livro um negócio fascinante. Ficar rodeada de livros sem saber por qual começar me parece uma das definições de paraíso. Aí junto um lado meio estranho que é de gostar de descobrir a história daquilo que não tem mais valor para uma outra pessoa. Como meu fascínio por lugares abandonados. Tudo isso junto me fazia pensar "nossa que ideia legal ele teve" e por isso mesmo me sentia uma ladra aproveitadora em querer fazer o mesmo. O desejo ficou ali, esquecido por algum preceito ridículo que herdei dessa nossa cultura estranha.
Mas no fim de 2013 fui ao Rio fazer um concurso e vi minha tia trampando como livreira também. Sem estante, banca ou loja física, ela iniciou a atividade apenas virtualmente e está tirando um troco. Entre conversas sobre minha situação financeira terrível, meu desejo de mudar de emprego e o que fazer enquanto não consigo outro, ela se empolgou em me mostrar como funcionava a sua estante e em me estimular a fazer também. Voltei do Rio decidida.
Depois de correr atrás de livros e material, de aprender o básico pra começar e de conseguir ser aprovada como livreira no site que agrega livreiros, bancas e sebos do país todo, inaugurei minha estante no dia 18 de dezembro. Feliz é pouco. A visão completa do meu estado é me ver rindo alto cada vez que entro e vejo um pedido feito. Ou me ver preparando as encomendas e sorrindo ao empacotar os livros. Ou me ver separando, classificando, limpando, restaurando e sorrindo. Um amigo comentou "nossa você tem que cadastrar tudo, boa sorte com a digitação" e eu respondi, nada adoro ficar cadastrando porque aí eu conheço cada livro.
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