Quando me mudei para o interior de São Paulo descobri duas coisas: paulistanos são ranzinzas e metidos. Eu estava em minoria, a maioria da faculdade era de pessoas do interior e todos me tiravam de metida só por ser paulistana. Eles tinham razão do estereótipo, muito paulistano é metido. Paulistanos acham que só porque moram naquela metrópole monstruosa são melhores que o povo do interior e de outros estados. Eu odiava ter essa fama porque nunca pensei assim. Então, a partir daí, quando encontrava com um paulistano se vangloriando eu quebrava as pernas dele e sorria - um a menos nessa fama que eu não quero pra mim.
Mas quando vinham reclamar que paulistano é ranzinza, que está sempre de mau humor, que não conhece nem o próprio vizinho blá blá blá, eu defendia minha cidade. Sim, somos assim. Mas e daí? Quem foi que criou uma regra que bom humor 24h por dia, 7 dias por semana é necessário? Quem foi que disse que só porque o cara é meu vizinho eu devo conhecê-lo? Ser educado, dar bom dia, boa tarde, boa noite é uma coisa e isso muito paulistano faz. Agora ser obrigado a conhecer todo o prédio ou toda a galera da rua é incompreensível pra mim.
Sabe porque isso não nos magoa? Porque o vizinho pensa igual e também não faz questão de se tornar amigo só porque mora ao lado. Melhor que isso, é que nós simplesmente não estamos preocupados com a obrigação. Amigos se fazem mais pela proximidade de gostos do que pela localização geográfica.
Imagino que para uma pessoa que está acostumada com pessoas mais sorridentes isso seja absurdo. Sei como é no interior, onde moro há anos. Deve ser mesmo difícil mudar para SP e enfrentar isso. Assim como foi difícil para eu me acostumar com o lado invasivo do interior. O público é muito mais público no interior e o conceito de privado é quase inexistente. Tudo que se faz é conhecido 24h por toda a cidade. Todo mundo é parente de alguém, estudou com alguém, mora perto de alguém. Então o que parece amizade, calor, simpatia e alegria no interior, me parece uma prisão dos bons costumes.
Neste sentido, amo a liberdade de SP. A cidade é tão grande, tão independente do seu dia a dia, que te garante o anonimato. Não se é ninguém em SP e isso é libertador. Quando não se é ninguém, pode-se ser quem quiser.
Há uma outra coisa que amo em SP e não encontro em todos os lugares: civilidade. A Avenida Paulista é mais limpa que o vilarejo inteiro. Lógico que numa cidade enorme nem tudo e nem todos são assim. Mas é o único lugar que fui e que as pessoas respeitam fila, respeitam os acentos especiais no metrô, dividem mesas com estranhos nos shopping, dão passagem no trânsito e sabem pra que serve a seta. São coisas pequenas que tornam a vida mais fácil. E SP precisa disso, ou nos mataremos.
Ficava indignada quando na província via as pessoas jogando o lixo pela janela do carro. Mais indiganada ainda quando eu dizia que isso era absurdo e o povo gargalhava me chamando de careta... De que adianta ser simpático com a cidade inteira, se você vai jogar a sua sujeira na cara de quem está atrás?
Outra coisa que gosto em São Paulo: ser bem tratada nos estabelecimentos. Em vários lugares que fui, como Brasília, as pessoas são super grosseiras e não dão atenção nenhuma ao cliente. Super normal seu pedido vir errado, demorar horrores, esquecerem sua bebida. Aqui no vilarejo dizemos que existe o padrão Paulínia de atendimento: grosseria com cara de Regina Duarte e tudo em falta. E não sou só eu, paulistana, que digo isso. Os locais também dizem. O que gosto é que eles reconhecem isso e riem. Como eu rio do mau humor paulistano.
No entanto sou obrigada a admitir que SP nem sempre foi assim. Nas décadas de 80/90, quando passei a adolescência na metrópole, foi o limite que fez as coisas mudarem. Lembro que as pessoas não davam lugar no ônibus e isso começou a virar confusão. Tinha gente dentro do ônibus que intimava o folgado da vez, tinha cobrador que mandava o cara sair. Era sempre uma tensão de que ia virar briga. Mas aos poucos, tornou-se vergonhoso ser o cara que não dá o lugar. O mesmo com o lixo. Uma vez, eu estava segurando o papelzinho de Trident, porque não tinha lixeira por perto. Naquela de ficar brincando com o papel na mão, ele caiu. Lembro até hoje das caras feias no ponto de ônibus me olhando e que só viraram depois que eu me abaixei e peguei o papel. Se achei exagerado? Não, eu ri. Eles estão certos, a cidade já produz muito lixo para existir, não custa cuidar do espaço que milhões usam.
Lógico que SP tem milhões de defeitos, assim como todos os lugares do mundo. Lógico que todas as pessoas de uma cidade não são iguais, somos indivíduos, únicos. Detesto generalismos. Tem gente mal educada em SP, tem bairros imundos, claro que sim. Assim como tem cidades do interior que parecem casinhas de boneca de tão cuidadinhas. O que mais me intriga é essa competição para ser melhor. Nem paulistanos são melhores, nem interioranos, nem nordestinos, nem manauaras, nem cariocas, nem europeus. É só que do meu lado, eu prefiro quem aceita meus defeitos e sabe rir dos seus.
Eu amo e digo sempré sou paulistana muito coreana Meuuuuu...certeza.Gosto de viver em Cps mas amo S P pelas diferenças e por toda bagunça.O bom de viver aqui hoje é que estou longe Para ñ ver as coisas ruins e perto para ver as coisas boas.
ResponderExcluirÉ Campinas tem essa vantagem! Estou pertinho, mas já muda porque não tem estrutura para poder aproveitar Campinas ou SP, uma pena!
Excluirhmmmm… vou discordar um pouquinho, tudo bem?
ResponderExcluirBom, nasci em Guarulhos [pra quem não conhece, fica na grande SP]. Mas estudava e trabalhava em SP, e nos fins de semana ia pra lá tb, ao ponto que Guarulhos tinha se tornado uma cidade-dormitório. Então, acho que posso dar pitaco sobre o povo paulistano…
Esta história de que paulistano ou gente da cidade grande não conhece seus vizinhos, bom, sinceramente, acho que os paulistanos são mil vezes mais sociáveis do que o povo do interior. Mesmo. Eu morei em Limeira, atualmente moro em Indaiatuba faz 5 anos e não conheço nenhum vizinho meu até hoje. Ninguém aqui faz questão disso. Acho até engraçado, pq quando falo pros meus amigos de SP do interior, eles imaginam uma cena onde vizinhos se conhecem e frequentam a casa uns dos outros e aquela coisa toda. E não, pelo menos nestas duas cidades que citei isso chega a ser absurdo.
No interior, existem grupinhos fechados... ninguém entra e ninguém sai. Pra você fazer parte de um grupo, demoooora. Em SP não. Ou eu dei muita sorte, ou não sei... mas acho a coisa mais fácil do mundo fazer amizades em SP. E também, acho muito mais fácil conhecer gente interessante lá do que por aqui. Desculpe quem não gostar do comentário, paciência.
Este tal mau humor do paulistano, sinceramente, não consigo perceber isso. E olha que conheço gente de lá de tudo quanto é canto. Vejo como pessoas normais, que tem dias ruins, dias bons, como qualquer pessoa do interior também. Engraçado que, falam o mesmo do povo de Curitiba... fui pra lá n vezes e não vi nada de diferente.
Enfim... ainda moro aqui por alguns motivos, mas não pretendo passar anos por aqui não. Eu amo São Paulo, é a cidade que me sinto em casa, assim como Curitiba.
Bah, são visões diferentes sobre o assunto. O que concordo, é com a frase "Não se é ninguém em SP e isso é libertador". Sim, aí eu concordo 100%.
;)
Claroooo deve discordar sempre que discordar! hahahhaa
ExcluirSabe eu quis falar mais sobre o lado invasivo do interior que é o que mais me incomoda aqui. Realmente os grupos são fechados e os de fora não são bem vindos. Mas mesmo assim as pessoas controlam a sua vida, falam, julgam... Aqui é muito assim. Em Marília o povo já era mais abertão. Tenho muitos amigos marilienses, aliás mais que paulinenses. Lá morei 7 anos, aqui já estou há 08.
A coisa do vizinho realmente rola. Talvez você tenha tido sorte mesmo. Mas eu morei em vários bairros de SP e só conheci vizinhos no que eu cresci (na rua, brincando com todo mundo). Os amigos que mudaram pra SP (a maioria marilienses) dizem que não conseguiram conhecer quase ninguém no prédio. Mas conheceram na balada, no trampo, no metrô. Isso realmente rola muito, o social é realmente social.
Conheço pouco para poder opinar, mas vamos lá...
ResponderExcluirSó conheço mesmo Campos de Jordão (frio, aconchegante e muuito chocolate!!), a capital e o Hopi Hari, heheh
Campos do Jordão, que é mais uma cidade do interior, é de longe mais agradável do que a capital, a qual visitei poucas vezes para ir a shows ou peças de teatro. Talvez seja eu mesma que curta mais o "aconchegante".
Como turista, realmente nunca fui mal atendida em lojas nem nada, mas também não é lá essas coisas!
Me surpreendi mesmo foi com a simpatia que eu não esperava dos paulistas! Pessoal bacana... ou tive sorte :P
No desciclopédia, consta que carioca diz que São Paulo é como se fosse uma cidade, mas só com corinthiano, sem praia e cheia de lixo. Eu ri muito quando li, mas juro que não é assim! Nos vangloriamos das praias, sim, mas pelo menos eu, e muita gente que conheço, invejamos São Paulo pela riqueza cultural. E com muita tristeza admito que os paulistas são mais educados que os cariocas, no geral. Tudo parece mais limpo e mais bem cuidado.
Por outro lado, (se não me engano) é a cidade mais poluída do Brasil. E assim, faz sentido que a industrialização esteja ligada a isso, mas acho que com tanto dinheiro, e por ser a maior cidade em importância do Brasil, já poderiam ter medidas que reduzissem essa poluição. Uma que já existe, (provavelmente, mais por causa do trânsito), é o rodízio de veículos! Super defendo essa ideia para o Rio também, que isso aqui está um INFERNO!
Ah, e só para terminar as comparações, é muito engraçado dizerem que o flamengo é o corinthians do Rio!
Acho mesmo que temos muito em comum (paulistas e cariocas) e essa rivalidade bobinha que às vezes surge deveria ser mesmo uma parceria!
Enfim, como a Mica disse, todo lugar do mundo tem seus defeitos e suas qualidades.
Eu não troco a minha praia por avenidas limpas não, mas certamente gostaria de visitar São Paulo com mais frequência! :D
Eu já estava achando que a ranzinza sou eu hahahaha Mas as Olívias na TV me salvaram com um quadro de uma paulistana de férias hahahahhahaa ela reclama de tudo no hotel e aí oferecem pra ela o pacote "paulistanos neuróticos" hahahahhaaha PERFEITO! Quando fui pra Bahia e todas as vezes que vou pro Rio volto com a certeza, sim, somos mau humorados! Até a caixa da loja Americana sorria no Rio! Ou isso, ou aquela coisa "com turista, todo mundo é simpático" rs
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