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22.9.06

A idéia de vitimização da mulher aparece nos trabalhos acadêmicos nfluenciados pelo feminismo e marxismo conjuntamente - "a eterna oprimida" - vítima do poder masculino, vítima do sistema. Esses discursos banalizaram a possibilidade de insubordinação feminina, além de não analisarem a diversidade das relações de poder que se travam cotidianamente entre os gêneros.
O pensamento feminista atual constata que a superação de um sistema de desigualdades não se alcança apenas pela superação no plano político ou econômico. Para que hajam mudanças significativas na situação das chamadas minorias, entre elas as mulheres, são necessárias também mudanças na microestrutura que perpassa cotidianamente as relações socias e os estereótipos acerca das diferenças biológicas. As relações hierarquizadas de gênero, infelizmente, não se determinam apenas pelas questões de classe. As diferenças da ordem de etnia/raça, orientação sexual, idade e outros determinantes culturais também influenciam estas relações.
O caso da China e suas "velhas tradições" pode ser um exemplo disso. Não ouso afirmar, por não ser uma expert no caso, mas não há a possibilidade de apesar da mudança do sistema, a práxis marxista não ter sido suficiente para alterar a herança cultural e histórica que determina as relações entre os gêneros?
Esta é a batalha fundamental do movimento feminista, o que chamamos de 3ª onda. Além dos direitos já conquistados legislativamente, do espaço adentrado na vida social, da visibilidade maior de nossas necessidades e desejos, lutamos por uma transformação cultural dos papéis sexuais historicamente construídos e que determinam a subjugação feminina, atribuíndo às mulheres características de inferioridade em relação ao homem para além de suas relações com o trabalho.

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