Pesquisar este blog

28.2.14

O Cemitério de Praga - Umberto Eco


"Isso já me sugeria que, se fosse vender de algum modo a revelação de um complô, eu não devia fornecer ao comprador nada de original, mas só e especialmente aquilo que ele já compreendia ou poderia vir a compreender mais facilmente por outras vias. As pessoas só crêem naquilo que sabem, e essa era a beleza da Forma Universal do Complô" (p. 90)

"Veja bem, prezado advogado - disse o tabelião - talvez seja pelas tendências dos novos tempos, que não são como antes, mas até os filhos de boas famílias devem, às vezes, sujeitar-se a trabalhar. Se Vossa Senhoria se inclinar a essa escolha, na verdade humilhante, eu poderia lhe oferecer um emprego no cartório..." (p. 97)

"Em síntese, Simonini percebia que, para qualificar-se aos olhos dos serviços imperiais, devia dar a Lagrange algo mais. O que torna verdadeiramente fidedigno um informante da polícia? A descoberta de um complô. Portanto, ele deveria organizar um complô para poder denunciá-lo". (p. 198)

"Estamos gastando um bom dinheiro para organizar tumultos nos boulevards. Não é necessário muito, apenas poucas dúzias de ex-presidiários com alguns policiais à paisana; saqueiam-se três restaurantes e dois bordéis cantando a Marselhesa, incendeiam-se duas bancas de jornais e, então, chegam os nossos, uniformizados, e prendem todos, após um simulacro de luta. 
- E para que serve?
- Serve para manter os bons burgueses no auge da preocupação e para convencer a população de que são necessárias atitudes fortes. Se tivéssemos que reprimir tumultos reais, organizados não se sabe por quem, não nos safaríamos tão facilmente" (p. 236)

Nenhum comentário:

Postar um comentário