O último texto que escrevi aqui foi sobre meus sonhos de infância e o fato de que enfim realizaria um deles: dançar. O texto de hoje é como uma continuidade. Subi ao palco e fiz a minha primeira apresentação de jazz na vida.
Eu fiquei nervosa, absurdamente nervosa, por um mês antes. Não bastasse a situação de ter que escolher entre duas coisas muito importantes, tinha o medo e ansiedade para o tão sonhado momento.
A ansiedade dominou de uma forma que há tempos eu não sentia. Respiração ofegante, dor no peito e tremedeira virou coisa normal no meu dia. Um dia antes então eu cheguei a pensar em desistir e ir pra São Paulo. Comecei a me achar uma tonta em pensar que conseguiria, ia errar tudo e seria horrível.
Geralmente minhas neuras duram até eu entender o que realmente está me incomodando. Era a apresentação, mas o quê? Eu não sabia a coreografia? Sabia. Eu dançava feio? Não, inclusive era elogiada pela turma. Eu estava com vergonha? Não, sempre fui sem vergonha pra essas coisas. Eu estava com medo? Sim. Mas medo do que? E aí eu não achava a resposta.
Fui achá-la só no último ensaio, um dia antes. Eu estava com medo de me decepcionar. Minha preocupação não era com o público. Por mais que quem sobe no palco viva do público, eu não estava pensando nisso. Eu não decidi fazer isso pelo público, sorry. Se as pessoas gostassem ou não, não me faria diferença. Não por desprezo, mas apenas porque é assim mesmo. Tem gente que gosta, tem gente que não. É impossível (e desnecessário) agradar a todos.
Minha preocupação era com a única pessoa que eu queria agradar: eu mesma. Eu fiz isso por mim. Enfrentar as aulas, enfrentar o corpo parado há anos que não queria se mexer, enfrentar o diabinho preguiçoso dizendo “ah não vai hoje não, descansa”, foi tudo por mim. Pelo meu sonho de infância. Então, eu queria subir no palco e sair dele feliz comigo mesma. Feliz por ter feito algo que me propus e bem.
E isso é muito pior do que agradar ao outro. Ao menos para uma virginiana... Eu queria ser perfeita. Não precisava ser a melhor dançarina da turma, mas tinha que perfeita. Tinha que subir lá e dançar, e sorrir, e me divertir, e sair com a certeza de que EU achei tudo lindo.
A sorte foi perceber isso um dia antes. Cheguei em casa do ensaio, tomei um super banho e dormi tranquilamente. Acordei sorrindo. Chegara o grande dia e eu estava super calma e com a certeza de que ia dar tudo certo.
Agora, eu fecho os olhos e relembro cada segundo novamente. A luz no palco enquanto entrávamos, o professor na coxia gritando mil coisas que eu já nem conseguia mais absorver, o público se aproximando quando eu saía do fundo do palco e caminhava para a frente, o arrepio que isso deu, os meus pés tremendo tanto que eu achei que ia cair a qualquer momento, a vontade de soltar uma gargalhada nervosa que disfarcei em sorriso para dançar, o momento em que olhei para cima e vi o teatro inteiro, até os últimos camarotes, lotado, e o final, o arrepio que deu quando fiz o último passo e pensei: isso!
Quando comecei o jazz, após a primeira aula, anunciei: não paro nunca mais. Agora, depois de ter me apresentado pela primeira vez, anuncio: não paro nunca mais. Que daqui pra frente, que eu tenha sempre momentos de muita merda ao subir no palco!
Aguardando as fotos da próxima apresentação! ;)
ResponderExcluirAhhh, esse medo que se sente antes tem nome! Síndrome de Perú!
Síndrome de Perú!? Why!?
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