30 Rock: sobre Cepacol e chuveiro

Tenho duas coisas que preciso dizer.

Primeiro: descobri (foi mesmo uma descoberta) que tenho uma teoria sobre a minha vida: preciso me entorpecer para anular meu superego e só então pensar com clareza. Parece contraditório mas é Cepacol - parece mas não é. Meu superego me culpa, me detona, me estraga. Vem cheio de razão dizer “faça isso, não é certo fazer aquilo”. Fico confusa sobre o que penso, sobre o que quero e acabo fazendo merda. Acredito que seja assim com ao menos uns 80% das pessoas por aí ou, talvez, ao menos com as mulheres de 30.

Quando me entorpeço, hoje com vinho, as coisas ficam mais claras. A começar pela culpa que simplesmente some. Depois vem um entendimento mais claro das outras possibilidades que podem existir já que não sou eu a culpada dos males do mundo, nem dos meus.
Não é como um culto religioso, que jogará a culpa no diabo, ou no trabalho que alguém te fez, ou no planeta na casa X, ou na vontade dos deuses. Simplesmente não há culpa, há respostas. Há respostas para tudo que faz doer, para a vida ser como é. Filosófico mas sem embasamento científico, no máximo empírico e completamente contestável.

Segundo, preciso dizer que por mais que eu tenha fugido do idealismo e do seu romantismo eu nunca deixei de ser movida pela paixão. Eu acredito nas pessoas (e me ferro constantemente). Eu sonho com alguém que goste de mim (e me ferro constantemente). Eu fico indignada com injustiças (e choro sozinha). Eu invejo aqueles que são mais idealistas do que eu e fazem grandes coisas por isso (e me sinto pequenininha perto deles). De tanto mal que tudo isso me faz, procurei negar tudo. Há anos me digo insensível, moderna, racional, indiferente e individualista. Mas chuveiro e travesseiro são duas coisas realmente capazes de conhecer os pensamentos de alguém. Ao menos de mulheres de 30.