há algum tempo estudo e trampo com educação. achei que nunca ia cansar, sempre amei pensar na educação como um ideal. mas, depois de um tempo cansei. cansei de estar institucionalizada desde que tinha 5 anos. cansei de ver meus amig@s estudando e trampando com coisas que pareciam maiores, mais importantes e até mais reais. cansei de estar fechada num mundo conservador e muito, muito machista. cansei da convivencia com professoras-mães. cansei de ver coisas que só eu via.
não me acho a bambambam da educação, mas por ser feminista, e nunca ter tido uma companheira de causa e profissão, via as coisas de uma forma que ninguém, com quem trampei por aí, via.
fiquei perdida: não tenho mais fé na educação? dediquei uma cara da minha vida à quê?
nos últimos tempos acreditei que poderia fazer diferença e promover uma educação, com meus alunos, que estivesse afinada com meus ideais de igualdade e justiça social. foi horrível perceber que além de enfrentar toda uma secretaria de educação por isso, de perceber fofocas sobre minha sexualidade nos corredores e, de me rasgar por uma educação voltada para a liberdade da sexualidade e dos papéis sexuais (ou dos não-papéis) teria também de enfrentar o futuro: meus alunos cairam nas mãos de outras, e o moralismo e conservadorismo são muito mais severos (e em crianças por vezes mais eficazes) com quem não os aceita.
deixei de ser professora pela ferida no meu coração. deixei de ser professora porque não suportava mais levar tiros na fronteira. deixei de ser professora porque precisava me reerguer: não deixei de ser pedagoga! ainda acredito numa educação que seja capaz de aceitar as crianças e a construção de uma sociedade mais justa. ainda acredito que a educação possa contribuir para que a igualdade entre os gêneros seja alcançada. ainda quero implodir a escola e fazer surgir uma nova proposta que vise a liberdade e a construção de uma sexualidade sem preconceitos, determinações ou premiações.
ainda sou pedagoga por uma educação que possa se livrar das bases machistas, homofóbicas, brancas e elitizadas. não sou mais professora – prefiro lutar a professar.
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