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Ah a praia!
Até eu já estou cansada de me ouvir falar de Jericoacoara-CE. Desde que voltei esse é meu maior assunto. Mas como férias só rola uma vez por ano, tenho direito!
Sempre que viajo, meu olhar fica atento a tudo que posso aprender com os cenários, os ambientes e a arquitetura de cada lugar. Com Jeri não foi diferente, mas confesso que a natureza é quem comanda o espetáculo e de forma tão suntuosa que o resto não tem tanta importância.
A vila está dentro do Parque Nacional de Jericoacoara, isso já determina muita coisa. As ruas são naturais, de areia. Sim, todas as ruas são de areia porque o local é inteiro assim. Onde não é vila, é duna ou praia. Tudo areia.
A arquitetura segue aquela carinha de praia: linhas retas, com muitos elementos naturais, principalmente madeira e palha, muita luz e ventilação. Há casas e pousadas com ar mais sofisticado e outras mais simples, mas em geral todas apresentam estes elementos.
A iluminação é toda subterrânea, não há postes e fios estragando as paisagens. Não há iluminação nas ruas, a noite ela fica por conta dos bares e restaurantes, o que dá um ar intimista delicioso. Quase todos os estabelecimentos ainda reforçam isso com o uso de velas nas mesas.
O design e a decoração são mais trabalhados. O local, o artesanato, é repaginado e fica tudo muito contemporâneo.
Uma das coisas que mais me chamou atenção foram as luminárias, lustres e pendentes feitos de escamas de peixes, flores artesanais e até gaiolas. Pranchas de surf, mosaicos e móbiles são elementos que vi em vários locais. Tudo muito criativo.
Essa foi uma das viagens que mais gastei com lembrancinhas! Há várias lojas que vendem peças de artistas locais, todas assinadas e originais. Um deleite para quem gosta de trazer peças de viagens e manter o estilo da casa.
Este gatinho de papel mâchè foi feito por Bruno Dalto. Adorei isso de eles valorizarem os artistas e venderem peças assinadas. Comprei na Jeriarte, onde pode-se achar trabalhos de vários artistas locais.
É de lá também este jogo de mesa e cadeira de brinquedos, feitos de lata. São super delicados, fininhos. Vou mandar enquadrar e colocar na minha sala de jantar. Haviam várias peças destes brinquedos, fiquei encantada.
Portanto, quem gosta de praia, areia, sol, vento, baladinhas intimistas, de valorizar a cultura local e tem espírito de aventura, vai amar Jeri.
É de lá também este jogo de mesa e cadeira de brinquedos, feitos de lata. São super delicados, fininhos. Vou mandar enquadrar e colocar na minha sala de jantar. Haviam várias peças destes brinquedos, fiquei encantada.
Portanto, quem gosta de praia, areia, sol, vento, baladinhas intimistas, de valorizar a cultura local e tem espírito de aventura, vai amar Jeri.
19.9.12
Sobre minha avó, memórias e infância
Na casa da vó, em 1986. |
Sei que prometi posts sobre minha viagem de férias, mas aconteceu algo que atropelou a ordem das coisas. Minha vó faleceu. Era esperado, ela estava com 89 anos e há cinco precisando de cuidados especiais. Não teve nenhuma doença, o diagnóstico sempre foi de "velhice". Durante estes cinco anos, sabíamos que ela ia consumir até a última gotinha de energia que tivesse, para então dormir e não mais acordar. Foi assim.
Recebi a notícia na segunda de manhã, para embrulhar o estômago e não conseguir engolir o café. Por mais que seja esperado, é uma perda. E perdas sempre doem. Eu sentia aquela dor e pensava "ela descansou" e ao mesmo tempo parecia que uma parte de mim tinha morrido. Foi assim que eu fiz uma mala para quem vai passar uma semana na casa da vó, coloquei livro (!?) e esqueci sabonete... Ficava ligando pra minha amiga no trampo e pedindo um monte de coisas porque no fundo, eu só queria era que ela estivesse do meu lado.
A viagem de carro foi um momento suspenso no tempo-espaço. 5h conversando e rindo sem sentir o que estava acontecendo. A partir daí minha preocupação maior era minha mãe, eu queria estar forte para segurar a barra dela.
Conforme fomos chegando perto, as memórias da infância foram voltando. Uma coisa que me surpreendeu foi a quantidade de ruínas que vimos na Rodovia Dutra. Muitas construções abandonadas davam a impressão de que grana é algo que não está ali como antes. O caminho até Bananal, principalmente a estradinha entre Barra Mansa (RJ) e a cidade, é lindo. A paisagem estava castigada pela seca em que estamos, mas mesmo assim é mais bonita que todo o oeste paulista (sorry!).
Nesse momento já começou a confusão de emoções - a tristeza pela morte da minha avó e a alegria de rever o lugar onde passei a maior parte das férias de infância.
Entrar na cidade até arrepiou. Tem uma bifurcação, logo no começo, que povoa vários sonhos meus até hoje. Nunca é Bananal, mas o lugar é aquele. E eu já tinha me esquecido que aquele cenário vinha de lá. Depois foi aquela coisa de "isso é novo" "isso está igualzinho" "que pena, isso está destruído". Bananal é inteira tombada como patrimônio histórico. Isso significa que a cidade nunca vai mudar muito, porque não pode nem asfaltar as ruas de paralelepípedo. O que traz aquela ideia de cidade toda bonitinha e conservada... Mas não, Bananal está perdendo todo este patrimônio para o tempo.
Os principais prédios da cidade, que são da época do primeiro ciclo do café, estão todos precisando de restauração. Por ser patrimônio, as pessoas não podem reformar suas casas de forma que mude as fachadas. Tudo deve ser restaurado e restauração é muito mais caro. Então está tudo lá, se perdendo.
Não sei como funciona a questão de verbas para cidades assim, o que sei é que Bananal tem pouquíssimos recursos, a arrecadação é insuficiente para empreender a restauração de tantos prédios. Vez por outra conseguem algo. Como a restauração da Estação de Trem que virou um museu. Ficou maravilhosa, mas foi quando eu era criança. Depois, nunca mais. A linda estação inteira feita de placas de ferro trazidas da Bélgica está lá, deteriorando novamente.
Há investimentos para atrair o turismo e realmente a cidade tem muita coisa pra ver. Além do centro histórico, Bananal é privilegiada com um rio limpo com vários pontos para banho, subindo a serra começam a aparecer as cachoeiras, ao fundo da cidade fica a Serra da Bocaina que rende muito para quem gosta de ecoturismo. Na cidade ainda tem muitas lojinhas de artesanato local e de doces caseiros desses que não existem mais.
O segundo reencontro começou já no velório, conforme a família ia chegando. Encontrei parentes que eu não revia há mais de 10 anos. E foi assim para todos ali, principalmente para o filhos da D. Maria Xavier do posto de saúde que mora na Boa Morte, esposa do João Mendes Leal, barbeiro. Além de reencontrar a família, eles reencontram os amigos de infância, as amigas da mãe, a cidade inteira.
Minha avó trabalhou no posto de saúde da cidade até se aposentar. O cargo para o qual ela foi contratada eu nunca soube, mas a verdade é que ela fazia tudo no posto que tinha só mais uma funcionária e o médico. Minha avó era conhecida como enfermeira e mais de um "desconhecido" que veio me cumprimentar falou "ah ela cuidou de todo mundo no posto, D. Maria era uma mãe pra gente".
Essa sempre foi a visão que eu tive da minha avó: ela levou a vida cuidando das pessoas. Cuidou de uma prima que assumiu, a minha Tia Carminha. Cuidou dos 5 filhos que assumiu como seus quando se casou com meu avô que era viúvo. Cuidou dos seus 8 filhos. Cuidou do irmão, meu Tio Chico, que tinha alguma deficiência mental que ninguém sabe ao certo. Cuidou do meu avô quando ele adoeceu. Cuidou da cidade inteira no posto de saúde. Então quando já estava aposentada e sem ninguém para cuidar, mudou-se para a casa da filha mais nova, que acabava de engravidar, para cuidar da minha prima. Enquanto ela esteve consciente, ela cuidou. E depois, já debilitada, ela manteve alguns hábitos de quem cuida, como arrumar a barra da nossa blusa sempre que a gente chegava perto dela, do mesmo jeitinho que fez a vida inteira.
Minha avó trabalhou no posto de saúde da cidade até se aposentar. O cargo para o qual ela foi contratada eu nunca soube, mas a verdade é que ela fazia tudo no posto que tinha só mais uma funcionária e o médico. Minha avó era conhecida como enfermeira e mais de um "desconhecido" que veio me cumprimentar falou "ah ela cuidou de todo mundo no posto, D. Maria era uma mãe pra gente".
Essa sempre foi a visão que eu tive da minha avó: ela levou a vida cuidando das pessoas. Cuidou de uma prima que assumiu, a minha Tia Carminha. Cuidou dos 5 filhos que assumiu como seus quando se casou com meu avô que era viúvo. Cuidou dos seus 8 filhos. Cuidou do irmão, meu Tio Chico, que tinha alguma deficiência mental que ninguém sabe ao certo. Cuidou do meu avô quando ele adoeceu. Cuidou da cidade inteira no posto de saúde. Então quando já estava aposentada e sem ninguém para cuidar, mudou-se para a casa da filha mais nova, que acabava de engravidar, para cuidar da minha prima. Enquanto ela esteve consciente, ela cuidou. E depois, já debilitada, ela manteve alguns hábitos de quem cuida, como arrumar a barra da nossa blusa sempre que a gente chegava perto dela, do mesmo jeitinho que fez a vida inteira.
Por ser assim, ela reunia as pessoas a sua volta. Enquanto morou em Bananal, a família inteira ia para lá visitá-la. Depois que se mudou, a família quase inteira ia para Américo visitá-la.
Ribeirão, poço do Bambuzal, 1991. |
No velório, minha vó fez a mesma coisa: uniu todo mundo novamente. E em muitos, despertou a vontade de ficar perto de novo. De não deixar novamente que o tempo passe tão rápido sem que possamos nos rever e tomar outro banho de rio.
Um amigo de infância da minha mãe, disse a frase que mais resume tudo o que eu senti nesse dia: "Estou muito contente de revê-la, apesar do momento".
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