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em homenagem a Scarlett Johansson |
O sexo me perseguiu neste fim de semana. Infelizemente não foi na sua melhor forma, essa mesmo que vocês pensaram quando leram a palavrinha. Mas nestes dois dias, me deparei com coisas sobre sexo que me fizeram sentir necessidade de gritar um pouquinho aqui... e não é de prazer.
Começou no sábado com uma amiga que escreve comigo no
Minha saia é mais justa, desabafando que fora agredida em decorrência de uns posts em que falamos sobre sexo no blog. Não sei o que aconteceu porque ela ficou tão mal que não conseguiu contar. Sei que foi pela net e veio de amigos. Ex-amigos. Ex-medíocres-amigos.
Pensando no que poderíamos fazer para defendê-la, já que ir até o agressor e pendurá-lo pelado amarrado numa árvore com uma cam ligada em rede é crime e, não pode passar de um pensamento psicopata que devo reprimir, lembrei-me da entrevista que fizemos na sexta com a também amiga Priscila Valdes e que no final comentou sobre o blog
Cem Homens e sobre a velha falta de propriedade do nosso corpo. Nesse blog, que aliás recomendo, a jornalista resolve falar de sexo, mas também de amor e de relações. Os moralistas e tarados de plantão só enxergam sexo e ela é constantemente agredida. Já foi até chamada pela imprensa nacional de segunda Bruna Surfistinha. A mina não é puta, ela é sim uma corajosa.
Conversando com uma amiga, falamos horas sobre a liberdade de desejos e de amor e o quanto isso é delicado, o quanto ainda fere as pessoas e o quanto por isso tudo acabamos nos reprimindo.
Todas essas coisas ficaram emboladas aqui no estômago. Eu sabia que se resolvesse escrever o discurso de gênero ia vir bombando e sairia quase um trabalho de mestrado. Mas eu queria conseguir falar sem tanta raiva, com a mesma propriedade e em linguagem simples, essa que sempre uso aqui.
Então a
Revista TPM me salvou mais uma vez. Na edição de agosto, que estava largada aqui em casa sem ler, há uma reportagem super bacana sobre o movimento "
Make love not porn" criado por Cindy Gallop. Recomendo absurdamente a leitura e uma visita ao site. A verdade é que ler isso me iluminou.
Já estamos há 40 anos da revolução sexual e nossos queridos homens ainda não entenderam que gostamos de sexo, sentimos tesão e desejo, mas isso é do nosso jeito, não do deles. Sei que isso não rola só com homens, sei que isso é um paradigma que ainda permeia toda a sociedade. Mas vou sim me dirigir aos homens e foda-se a mania de defesa deles de dizer "ah mas tem muita mulher que..."
A coisa é tão simples: somos iguais a vocês. Não há nada biologicamente que nos impeça de sentir tesão. Há socialmente e culturalmente. Por isso mesmo a sexualidade é uma construção. Cada um vai achando o que gosta e o que não gosta. Mas vocês precisam entender que o fato de uma mulher sentir tesão não a torna uma vagabunda que pode ser desprezada e maltratada pelo seu tesão. Jura mesmo que depois de dois mil e 11 anos vocês ainda só conseguem enxergar as mulheres como Marias ou Madalenas!?
Sem contar que isso é uma burrice até do ponto de vista do sonho de ser uma pegador. Porque muitas vezes, sacamos que vamos ser consideradas assim e broxamos... muitas vezes estava quase no ponto de pegar e aí mostram quem são... tchau baby, você já era, próximo.
O "Make love not porn" me encantou justamente pela idéia de que sexo também é amor. Lutamos tanto para dizer sexo é sexo, amor é amor, que esquecemos do sexo com amor e com respeito. Não, não é uma defesa do voltem a casar virgem! É só para lembrar que no sexo existem dois e os dois têm que curtir a coisa. É só para defender que os padrões da industria do sexo são pensados no tesão machista e mulheres não são atrizes pornôs que vão se deliciar com tudo o que fizerem.
Em qualquer relação há sempre o limite do outro. Há sempre o momento de ver se isso será bom para os dois. E, sinceramente, se todos os seus desejos são os de fazer igual os filmes pornôs sinto ter que trazê-lo a encarar duas verdades cruéis: existe muito mais no sexo do que um filme pornô consegue mostrar e isso só se descobre olhando para dentro, não para a tela. Ser produto é fácil, mas é pouco. A escolha meninos, é de vocês.