Hoje recebi um mail e resolvi pensar um pouquinho sobre. Era uma música do Zé Ramalho chamada Estrangeirismo. Nem concordo tanto com ele, mas a música no final fica engraçadinha, principalmente o jogo semântico com a sintaxe e a gramática nacional.
Concordo no sentido que a língua, bem como o discurso, é o meio mais eficaz de se produzir a dominação de um povo, pois é verdadeiramente o bem cultural, o único, a que todas as pessoas têm acesso. Quando um povo perde sua língua, seu idioma, perde sua identidade cultural. Algo que aprendi com o José Saramago.
Os franceses por exemplo são chamados de metidos no mundo inteiro porquê se recusam a falar em inglês com os turistas: defesa de seu maior bem cultural. Se você vai até a casa deles porquê não pode tentar se comunicar no idioma local, aprender um pouco de francês não é algo tão absurdo assim. E por quê não ensiná-los um mínimo de português e assim difundir o nosso idioma também? Uma vez vi uma palestra de um cacique, ele estava indignado que o povo dele sabia respeitar a cultura e tradições do povo da cidade, tanto que se "cobriam" para andar na cidade. Mas não entendia porquê o povo da cidade, quando visitava sua tribo e sua casa, não era capaz de respeitar sua cultura e não tiravam suas roupas e pintavam sua pele...
Por outro lado não concordo com o exagero, beirando a teimosia, que só torna a idéia de preservação cultural uma coisa de velhos, chatos e intelectuais. Não concordo que a apropriação cultural de termos de outras línguas deva ser abominada, jogada na fogueira. Até porquê acredito que a mescla de culturas possa ser uma boa opção de diminuir as diferenças sem se perder as identidades.